O presidente eleito de Mianmar, Htin Kyaw, propôs um gabinete com 18 membros que inclui a líder do partido Aung San Suu Kyi, ex-dissidente que lutou durante décadas pela substituição da junta militar por um governo eleito democraticamente. Os nomes indicados pelo presidente foram apresentados ao Parlamento para serem analisados e aprovados formalmente na quarta-feira, quando as posições serão definidas.
No topo da lista de nomes está Suu Kyi, que não pode se tornar presidente por causa de um bloqueio constitucional, embora ela tenha liderado o partido à vitória nas eleições gerais de novembro do ano passado. Circulam rumores de que ela assumirá o cargo de ministra do Exterior, mas isso ainda não é certo, já que ela teria de abrir mão de seu assento no Parlamento e das atividades do partido. No passado Suu Kyi afirmou que ficaria “acima do presidente” e governaria o país indiretamente.
De todo modo, a participação dela no gabinete seria uma mudança grande não apenas para a vencedora do Prêmio Nobel da Paz, mas também para o país, que é governado por militares desde 1962. Há décadas a junta mantém Mianmar isolada e com a economia estagnada e se recusa a ouvir conselhos internacionais e a atender às demandas por democracia.
Suu Kyi se tornou conhecida em 1988, quando protestos populares contra o governo cresceram. A junta reprimiu as manifestações, matou milhares de pessoas e colocou Suu Kyi em prisão domiciliar em 1989. Eleições foram convocadas em 1990, mas a junta se recusou a entregar o poder quando o partido de Suu Kyi, a Liga Nacional para a Democracia, venceu. Ela recebeu o prêmio Nobel um ano depois. Fonte: Associated Press.