Variedades

Taís Araújo encara a negritude e a ‘gostosa’ de ‘O Roubo da Taça’

Caíto Ortiz diz que a melhor coisa que poderia ter-lhe acontecido foi fazer O Roubo da Taça sem nenhuma grande produtora ou distribuidora atrás. “Iam querer me empurrar um nomão para vender ingresso. Pude fazer o filme com o Paulo (Tiefenthaler).” Mas o filme tem um nomão, sim. Quando o nome de Taís Araújo surgiu na própria equipe, Caíto vacilou. Será? Bastaram cinco minutos de conversa. “Ela é engraçada, não tem medo de ser incorreta, faz um bullying legal. E é essa deusa.” E a deusa, como chegou ao filme?

“A gente recebe muito roteiro, vem um monte para o Lázaro (seu marido, o ator Lázaro Ramos). Leio todos, opino. O de O Roubo da Taça é como eu gosto. Li inteiro, de cabo a rabo. Roteiro bom é assim.” Ela gostou da história, da personagem. Como uma atriz que virou ícone da negritude no País – o marido e ela têm sido guerreiros na luta por direitos – embarcou nessa personagem de mulher-objeto? “Mas justamente por isso. Foi gostoso de fazer.”

Taís, de 37 anos, não tinha idade para conhecer a mítica Adele Fátima, mas a irmã mais velha e, principalmente, a mãe falavam naquela mulher linda. “Quando fomos buscar os ícones dos anos 1980 para construir a época, Adele se impôs.” Não só a gostosa. A incorreção permeia todo o filme.

“Era uma época de excesso. As pessoas podem não se dar conta, mas o filme é cheio de detalhes. O batom é 24 horas, uma marca da época que parecia tintura. Toda mulher que vê o filme se liga. Numa cena, a torneira está ligada e eu tenho de me movimentar no quadro. Automaticamente, fechei (a torneira). Caíto gritou – Deixa! Era assim. Nenhuma consciência.”

A personagem não só é esperta, como tem sorte. O desfecho – olha o spoiler – é dela. E na vida? “Recomeçamos a gravar Mister Brau neste mês, mas a terceira temporada vai ao ar só no ano que vem.” Mudanças? “Muitas, vamos ter as crianças (adotadas pelo casal) e outras que não posso falar.” A série funciona para o público negro? “Muito, e é legal que seja criação de um branco (Jorge Furtado), que entendeu o que Lázaro e eu queríamos fazer.” O casal segue com a peça O Topo da Montanha. Um ano de estrada. Martin Luther King! “Em toda parte a resposta do público é muito boa. As pessoas discutem.” A classe média negra, a periferia em Mister Brau (“Eles são muito de Madureira”), a cidadania no Topo. Taís diz que Lázaro e ela trabalham feito loucos. E ainda têm os filhos. Mas está feliz. Tudo vale a pena. Essa mulher é luminosa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Posso ajudar?