Estadão

Taleban avança e soldados afegãos buscam refúgio no Tajiquistão

Uma sequência de vitórias do Taleban no norte e nordeste do Afeganistão fez com que alguns países fechassem seus consulados na região, enquanto quase mil soldados afegãos fugiram dos avanços dos insurgentes cruzando a fronteira com o Tajiquistão.

O progresso do Taleban foi alcançado ao mesmo tempo que o Comando Central dos EUA, em um comunicado divulgado na terça-feira, 6, informou já ter concluído 90% da retirada das tropas e equipamentos do Afeganistão. Os últimos soldados partirão em agosto, após quase 20 anos de guerra.

O presidente tajique, Emomali Rahmon, ordenou a mobilização de 20 mil reservistas para fortalecer sua fronteira com o Afeganistão. O presidente russo, Vladimir Putin, um aliado de Rahmon, disse na segunda-feira que as forças russas nessa ex-república soviética ajudarão a proteger a fronteira com o Afeganistão, se necessário.

O êxodo militar afegão ocorre em um momento em que o Taleban invadiu a maioria dos distritos da Província de Badakhshan, no nordeste. Muitos se renderam sem lutar, mas ao longo da fronteira norte da província, centenas de forças afegãs cruzaram em busca de segurança no Tajiquistão.

Na Província de Balkh, no norte do país, Turquia e Rússia fecharam seus consulados na capital, Mazar-e-Sharif, quarta maior cidade do Afeganistão. O Irã informou ter restringido as atividades de seu consulado na cidade, assim como fizeram Usbequistão, Tajiquistão, Índia e Paquistão, segundo o governador da província, Munir Farhad. Apesar dos combates do Taleban em distritos de Balkh, a capital tem estado relativamente pacífica.

O governo tajique afirmou que as tropas afegãs tiveram permissão para cruzar por motivos humanitários e não havia combates com os taleban do seu lado da fronteira.

Esta foi a terceira onda de soldados afegãos a fugir para o Tajiquistão nos últimos dias e a quinta em duas semanas, elevando o total para quase 1,6 mil, de acordo com a rede BBC.

O Taleban controlou o Afeganistão por cinco anos, até 2001, quando foi expulso do poder após a invasão dos EUA. Desde então, vinha travando uma guerra de guerrilha contra as forças armadas afegãs e internacionais, lideradas pelos americanos.

O grupo radical islâmico tem retomado rapidamente território em todo o norte e nordeste do Afeganistão, incluindo áreas ao longo da fronteira de mais de 1,3 mil km com o Tajiquistão. Milhares de membros de milícias – incluindo tajiques étnicos no Afeganistão – e cidadãos armados correram para se juntar às forças afegãs para combater os insurgentes.

Mas analistas de inteligência americanos alertaram que o governo afegão pode cair rapidamente depois que as tropas dos EUA se retirarem completamente do país. O presidente Joe Biden definiu 11 de setembro como prazo de retirada, embora centenas de soldados já tenham partido. Na semana passada, os militares dos EUA entregaram às forças afegãs o controle da Base Aérea de Bagram, seu campo de aviação mais importante no Afeganistão. (Com agências internacionais)

As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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