O humorista Paulo Gustavo irá revisitar alguns dos seus personagens mais famosos, incluindo a famosa Dona Hermínia, no <i>220 Volts Especial de Fim de Ano</i>, que será exibido na Globo em 22 de dezembro, após o programa <i>Roberto Carlos – Emoções em Jerusalém</i>. Será a primeira vez que a produção será exibida fora do canal Multishow.
"Eu amei, a gente ficou com medo por causa da pandemia, por causa do protocolo todo, da pandemia. Dá medo, mas foi legal, a gente amou fazer, a gente se divertiu muito", comentou Paulo Gustavo durante uma coletiva de imprensa, na qual o <i>Estadão</i> participou, sobre a experiência de gravar o programa.
O especial irá reunir esquetes temáticas de fim de ano, e contará com participações dos atores Marcus Majella, Herson Capri, Deborah Secco, IZA, Angélica, Mallu Vale, Paulo Zulu e Pedro Novaes. Além do elenco, Paulo irá interpretar alguns personagens de sua carreira, escolhidos pelo próprio humorista.
Segundo ele, os selecionados são os seus "preferidos", mas também os que fazem mais sucesso na internet. Entre eles está a famosa Dona Hermínia, inspirada na mãe do ator, que faz sucesso nos filmes <i>Minha Mãe é Uma Peça</i>, além de personagens como a Senhora dos Absurdos e Maria Enfisema.
Paulo Gustavo comenta que a criação dos seus personagens é baseada na observação, com uma "lente de aumento" do que ele vê no dia a dia: "eu sou um cara muito observador e sempre fui". Ele explica que Hermínia foi sendo construída a partir das mulheres fortes em sua família, como a mãe, a tia e a avó. O humorista brinca que, hoje, a personagem já é uma parte dele.
"Quando vou fazer essa personagem, chegou no camarim, olho o bob, aquela roupa. Aquilo também mexe comigo, eu trato a roupa, tudo, como algo sagrado, porque essa personagem mudou a minha vida para sempre", explica. Ele destaca, porém, que nem todas as piadas que fez no passado irão aparecer no especial. "Eu amadureci como ator, mas muito como ser humano também, então coisas que eu fazia no passado, no <i>220 Volts</i>, não cabe mais fazer hoje em dia. Com esses anos que passaram, o ganho de consciência, tem coisas que não cabe mais fazer".
Paulo explica que isso serve até como uma forma de "se redimir, se desculpar", por possíveis erros do passado. "Tem coisas que já me incomodam naturalmente, não quer dizer que está certo ou errado, me incomoda, então eu mesmo tiro, não faço", afirma.
O humorista associa essa mudança, também, à "era do cancelamento" atual, que segundo ele é formada por uma "parte raivosa", que não busca diálogo mas sim brigas, mas que não deixa esse momento menos necessário: "é importante para correr atrás do prejuízo".
Perguntado sobre o desejo de ter um programa próprio na Globo, o ator responde que essa não é uma prioridade no momento: "eu tenho o sonho de ser ator, trabalhar por muitos anos, ter saúde. Mas eu, meu sonho, é maior, é de realmente poder trabalhar com a minha arte e com quem me dá liberdade artística".
Ele ressalta que o programa está "muito bonito", e defende a importância do riso para ajudar a lidar com um ano difícil como o de 2020. "A gente viveu um ano muito triste, eu não podia ligar a TV que eu chorava", comenta, considerando que "não é normal o que estamos vivendo", e destacando que todas as perdas em 2020 não podem "ser normalizadas".
Assim, o especial <i>220 Volts</i> busca, nas palavras de Paulo Gustavo, ser um "respiro para o que a gente está vivendo". Citando as diversas mensagens que recebe de espectadores sobre como seu humor os ajudou, o ator reforça que "com certeza, rir é o melhor remédio".