Eleito na esteira da polarização nacional, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), colecionou acenos à base e à oposição ao completar cem dias de mandato. Com o objetivo de se desvencilhar de rótulos ideológicos, o chefe do Executivo paulista apostou em uma carteira de privatizações como marca própria. Na segunda-feira, 10, Tarcísio assinou contrato com o IFC, agência ligada ao Banco Mundial, para a realização de estudos sobre a privatização da Sabesp e ainda afirmou que receberá o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de “braços abertos”.
A cena em que Tarcísio quase quebrou o martelo da B3 no leilão do trecho norte do Rodoanel traduz o perfil que busca imprimir como gestor público. Para tirar as desestatizações do papel, o governador lançou uma carteira de projetos de venda de ativos. No caso da Sabesp, porém, o processo levará a uma “batalha campal” a ser travada na Assembleia Legislativa, segundo aliados.
De acordo com o governador, uma possível privatização da companhia de saneamento básico não implica a venda total da participação societária do Estado. Ele lembrou que 49,7% do capital da companhia já é privado.
“Não é se desfazer do controle para se desfazer. É se desfazer para proporcionar melhor serviço ao cidadão. Vamos agora estudar (a privatização) e, quando a gente tiver clareza do que vai ser modelado, a gente segue em frente e vamos ter condição de convencer as pessoas de que esse caminho é um bom caminho”, afirmou Tarcísio em evento da marca dos cem dias do governo. A venda da Sabesp, por exemplo, poderia significar aumento de R$ 40 bilhões no caixa.
<b>Articulação</b>
Tarcísio delegou a articulação política ao presidente do PSD e secretário de Governo, Gilberto Kassab. O governador assumiu com o desafio de criar um grupo político próprio, com técnicos e caciques de siglas, num complexo arranjo de forças resultante do palanque formado por Kassab e Bolsonaro. No período de cem dias, emitiu sinais amplos, como elogios a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), e sancionou projeto de lei criticado pela direita que garante distribuição de medicamento à base de canabidiol na rede pública.
“O Tarcísio é de centro-direita. Ponto. A tendência é a de sempre continuar pelo centro. Ele não será pressionado pelos extremistas”, disse o secretário de Projetos Estratégicos, Guilherme Afif.
Na segunda-feira, Tarcísio anunciou convite para Bolsonaro visitar o Palácio dos Bandeirantes. “Se vier a São Paulo, será muito bem-recebido, vou recebê-lo de braços abertos”, disse. “Já fiz o convite para ele vir aqui no palácio. É um amigo que eu tenho, uma pessoa de confiança para mim, me abriu portas que ninguém abriria, me tornou ministro e sempre me incentivou muito.”
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>