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Tarcísio viaja, adia transição em SP e evita pressão de bolsonaristas

Após ser eleito governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) vai passar uma semana nos Estados Unidos para um período de descanso – ele embarcaria na noite desta terça, 1º. A transição deve começar oficialmente no dia 16. Tarcísio voltará de viagem na próxima segunda-feira, 7 e, depois, ainda pretende passar mais alguns dias em Brasília para resolver problemas pessoais e burocráticos.

A decisão de viajar e adiar a transição evitaria o assédio bolsonarista em momento conturbado para seu padrinho político, o presidente Jair Bolsonaro (PL), que perdeu a disputa à reeleição para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e vê apoiadores paralisarem estradas questionando o resultado das urnas.

Não é comum que governadores eleitos permaneçam tanto tempo afastados logo após a eleição. O ex-governador João Doria (PSDB), por exemplo, tirou uma semana de férias entre o Natal e o ano-novo após vencer a disputa em 2018.

De acordo com aliados de Tarcísio, o ex-ministro teria de despachar com bolsonaristas mais radicais e seria pressionado a se manifestar neste momento sobre os atos. A assessoria do governador eleito disse que o motivo da viagem não tem relação com a pressão de aliados de Bolsonaro.

O governador Rodrigo Garcia (PSDB) ofereceu à equipe de Tarcísio uma estrutura para a transição em um prédio do governo, no centro de São Paulo, mas o grupo do governador eleito não decidiu de onde prefere despachar. Uma alternativa é ocupar o comitê usado pelo candidato na Vila Mariana, na zona sul da capital.

Designado por Garcia, o secretário de Governo, Marcos Penido, vai coordenar a transição com a equipe de Tarcísio, que indicou seu coordenador de plano de governo, Guilherme Afif Domingos, para representá-lo. "Será uma transição mais do que tranquila", disse Afif ao <b>Estadão</b>.

<b>Coordenador</b>

Afif afirmou que o primeiro passo será olhar os compromissos assumidos. "Os atendimentos aos prefeitos serão honrados. Sobre o orçamento, o governo que assume responde pelo do segundo ano de gestão, porque o primeiro orçamento não é seu", afirmou.

Na transição, Penido vai fornecer à nova equipe os números referentes ao orçamento do Estado e aos investimentos em andamento no governo de São Paulo. O Palácio dos Bandeirantes também vai nomear um representante de cada pasta para formar o grupo.

Ao todo, segundo o governo paulista, são cerca de 8 mil obras previstas para serem entregues na próxima gestão. Entre elas estão a retomada da Linha Laranja do Metrô, a modernização da Rodovia dos Tamoios, a despoluição do Rio Pinheiros, além da construção de barragens e piscinões. "A atual gestão entregará o governo com saúde financeira e investimentos da ordem de R$ 30 bilhões em 8 mil obras", disse, em nota, a assessoria de Garcia. "Faremos a transição que o povo de São Paulo espera, com transparência e diálogo", afirmou o governador.

Penido também apresentará à equipe de transição os dados sobre as concessões em curso e de outros grandes projetos como, por exemplo, o Programa de Ensino Integral (PEI) e o Bolsa do Povo, maior projeto de transferência de renda já desenvolvido no Estado.

Nos bastidores, os partidos que apoiam Tarcísio têm sondado interlocutores sobre os espaços na administração. Com nove deputados estaduais eleitos, o PSDB gostaria que o governador eleito mantivesse a Secretaria de Desenvolvimento Regional sob controle da sigla, bem como a pasta da Habitação. O União Brasil, por sua vez, quer manter o controle da área de transportes e logística, além de Dersa e Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp).
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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