Mesmo sendo um quadro histórico do PSDB, o senador Tasso Jereissati (CE) tornou-se o principal líder dos “cabeças-pretas” – grupo formado majoritariamente por jovens parlamentares tucanos que pregavam o rompimento da legenda com o governo Michel Temer.
A batalha do desembarque foi perdida para os “cabeças-brancas” governistas, mas o senador cearense, que preside interinamente o PSDB, aposta em um nome da nova geração para assumir o comando da sigla na convenção nacional do partido, em dezembro.
“Defendo que seja um nome novo, alguém da nova geração e com mensagem mais fresca”, disse Tasso quando questionado sobre o perfil ideal do próximo dirigente da legenda. “Um cabeça preta de mentalidade”, concluiu, deixando claro que não está “excluindo ninguém”.
O senador afirmou que não pretende se apresentar para a reeleição no PSDB em dezembro, mas há uma forte pressão de parte do partido para que ele mude de ideia.
“Ele é o melhor nome que o partido tem hoje, ele é o cabeça-preta. Tem conduzido o partido de uma forma extremamente correta. Tasso é a pessoa ideal. Vai ter um apelo muito grande para que ele seja (candidato). Se ele continuar dessa forma, não tenho dúvida de que ele será o presidente do PSDB”, defendeu o líder do PSDB na Câmara, deputado Ricardo Tripoli (SP).
Aliado do senador Aécio Neves (PSDB-MG), presidente afastado da sigla, o deputado federal Domingos Sávio (PSDB-MG) classificou de “simplista” e “populista” a declaração de Tasso de que é preciso eleger um presidente com mentalidade de “cabeça-preta”. “Eu vejo nisso uma expressão populista, se ele usou mesmo esse termo. É um chavão que não consegue traduzir de maneira verdadeira o que acontece no PSDB. É simplista e joga para a plateia. É essa política de jogar para a plateia que queremos combater”, afirmou Sávio, que também é presidente do PSDB em Minas.
“Teve cabeça-preta que votou a favor de Temer e cabeça-branca que votou contra. A pior pessoa pra assumir PSDB é aquele que se submete a uma corrente”, concluiu Nárcio.
Já o ex-governador de São Paulo Alberto Goldman, vice-presidente do PSDB, defende um nome “com história e que tenha o que mostrar”.
Herdeiro político que pregava renovação
O senador afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo que não pretende voltar ao Executivo. “Também defendo a renovação no Ceará. O ideal é um processo de renovação lá também”, disse o tucano, que tem mandato até 2022. Foi com um discurso de renovação que Tasso Ribeiro Jereissati, de 68 anos, surgiu como a grande novidade na política cearense em 1986, então com 37 anos, para disputar o governo.
Graduado em Administração de Empresas pela FGV- Rio, Tasso era líder empresarial no fim da década de 1970 e começo dos anos 1980 quando assumiu a presidência do Centro Industrial do Ceará (CIC). A frente da entidade, liderou um grupo de jovens empresários insatisfeitos com os rumos do Ceará. Na disputa pelo governo, sua estreia eleitoral, derrotou Adauto Bezerra, da Arena, e acabou com uma dinastia política de décadas.
Mas, apesar do discurso de renovação, Tasso vinha de uma família com tradição na política local. Seu pai, o empresário Carlos Jereissati, que foi deputado federal e senador. Quando o PSDB nasceu, em 1988, Tasso logo tornou-se um quadro nacional da sigla até que em setembro de 1991 assumiu a presidência nacional do partido. Três anos depois, foi o fiador da escolha do senador Fernando Henrique Cardoso como o candidato tucano ao Palácio do Planalto.
Naquele ano, foi novamente eleito governador do Ceará, no primeiro turno, com 56% dos votos válidos. Em 1998, foi reeleito, com 62,7% dos votos válidos. Em 2002, chegou ao Senado.
Negócios
A força política de Tasso no Ceará tem lastro nos negócios da família. O senador é dono de duas emissoras de TV: uma em Fortaleza, que é retransmissora do SBT, e em outra em Sobral, que retransmite a Band. A família de sua mulher, Renata, herdeira do Grupo Edson Queiroz, é dona da TV Globo local. Tasso também é dono de uma emissora de rádio, três shopping centers e uma engarrafadora da Coca Cola.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.