As dificuldades na obtenção de entrevistas domiciliares em meio à pandemia do novo coronavírus diminuíram a taxa de aproveitamento da coleta da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) em março e abril, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A taxa de aproveitamento da coleta da Pnad Contínua foi de 66% em abril, ante 60% em março. Antes da pandemia, com as entrevistas feitas presencialmente, a taxa de aproveitamento da coleta costumava ser de 87%. No trimestre encerrado em abril, a taxa média de aproveitamento desceu a 70%.
"Melhorou nosso aproveitamento, muito em função desse aprendizado dessa abordagem por telefone", contou Maria Lucia Vieira, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, referindo-se ao aumento na taxa de aproveitamento em abril em relação a março.
Os resultados referentes a abril tiveram a duração da coleta estendida e passaram pelo controle de qualidade, que atestou serem apropriados para divulgação. A coleta de maio permanece em campo e será encerrada apenas no dia 15 de junho. Segundo Maria Lucia, os dados também serão examinados pela Coordenação de Métodos e Qualidade do IBGE antes de receberem aval para divulgação.
O IBGE interrompeu a coleta presencial de todas as pesquisas do órgão no dia 17 de março, em função das recomendações de isolamento social e restrição de circulação de pessoas no combate ao coronavírus.
<b>Pnad Covid</b>
O órgão trabalha ainda na coleta telefônica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Covid (Pnad Covid), que tem como objetivo colher dados sobre a saúde e do mercado de trabalho durante a pandemia do novo coronavírus.
A coleta por telefone teve início no dia 4 de maio, com divulgação inicialmente prevista ainda para este mês. No entanto, o IBGE informou nesta quinta-feira, 28, que ainda não há previsão de data para publicação dos primeiros resultados.
A nova pesquisa é uma versão da Pnad Contínua, planejada em parceria com o Ministério da Saúde. A coleta mobiliza cerca de dois mil agentes do IBGE, que levantam informações de 193,6 mil domicílios distribuídos em 3.364 municípios de todos os Estados do País. Quando começarem as divulgações, os dados serão disponibilizados semanalmente, sempre às sextas-feiras.
"A Pnad Covid estamos fazendo a coleta, não temos previsão ainda de divulgação porque precisamos de três semanas de resultados para poder divulgar. A gente está na semana três de coleta. Quando tivermos a terceira semana de dados de coleta a gente vai fazer divulgação. Estamos fazendo testes necessários também para ver a precisão (das informações coletadas)", disse Maria Lucia.
O IBGE pretende revelar a quantidade de pessoas que tiveram os sintomas de Covid-19 – como febre, tosse, dificuldade de respirar, falta de paladar e olfato, fadiga, náusea e coriza. Também serão levantados o porcentual de pessoas que procurou atendimento médico, quais tipos de estabelecimentos de saúde buscaram, como foram tratados os sintomas, de que forma se desenrolou os casos que precisaram de internação.
A Pnad Covid também medirá as mudanças no mercado de trabalho durante a pandemia, como a prática de home office, motivos que impediram uma eventual busca por emprego e os rendimentos obtidos pelas famílias.