Economia

Taxa do cheque especial sobe em outubro a 278,1%, maior nível em 20 anos, diz BC

A taxa média de juros no crédito livre subiu de 46,2% ao ano em setembro para 47,9% ao ano em outubro, segundo dados divulgados nesta sexta-feira, 27, pelo Banco Central. Com essa alta, a taxa volta a ser a maior taxa da série iniciada em março de 2011. Desde o início do ano, em todos os meses a taxa de juros tem sido recorde e batido a do mês anterior. Entre as principais linhas de crédito livre para pessoa física, o destaque vai para o cheque especial, cuja taxa subiu de 263,7% ao ano em setembro para 278,1% ao ano no mês passado. Esta é a maior taxa cobrada em 20 anos.

No ano até o mês passado, a taxa de juros no crédito livre subiu 10,6 pontos porcentuais, já que em dezembro de 2014 estava em 37,3% aa. Em 12 meses até outubro, a alta é de 10,1 pp. Para pessoa física, a taxa de juros no crédito livre passou de 62,3% aa em setembro para 64,8% em outubro, também a maior da série histórica. Para pessoa jurídica, houve elevação de 29,3% para 30,2% de setembro para outubro.

Quanto ao cheque especial, ao longo de 2015, as taxas cobradas por uma das linhas mais caras que o consumidor pode acessar – perde apenas para o rotativo do cartão de crédito – subiram 77,1 pontos porcentuais, já que em dezembro de 2014 o juro médio dessa modalidade estava em 201% ao ano.

Já para o crédito pessoal, a taxa total avançou de 49,8% em setembro para 52,9% em outubro. No caso de consignado, a taxa passou de 27,6% para 28,1% de setembro para outubro e, nas demais linhas, de 118,2% para 129,1%. No caso de aquisição de veículos para pessoas físicas, os juros passaram de 25,6% para 25,9% de um mês para outro.

A taxa média de juros no crédito total, que também inclui as operações direcionadas, subiu de 29,3% em setembro para 30,5% em outubro.

Inadimplência

A taxa de inadimplência no mercado de crédito com recursos livres ficou praticamente estável em outubro. Ante setembro houve alta de 0,1 ponto porcentual, passando de 4,9% para 5,0% segundo o Banco Central. Para pessoa física, também foi registrado aumento de 0,1 pp nessa comparação, passando de 5,7% para 5,8%. Para as empresas, a alta foi ligeiramente mais elevada, de 0,2 pp, indo de 4,1% para 4,3% de um mês para o outro. Desde o início do ano, verifica-se uma certa estabilidade no volume de calote ao sistema financeiro.

A inadimplência do crédito direcionado também teve certa estabilidade de setembro para outubro, em indo de 1,2% para 1,4%. O dado que considera crédito livre mais direcionado mostra inadimplência de 3,2% em outubro ante 3,1% em setembro.

No crédito livre para pessoa física, a inadimplência no crédito pessoal ficou estável em 3,8%. No cheque especial, recuou de 15,3% para 14,3% na mesma comparação mensal.

Na aquisição de veículos para pessoas físicas, a inadimplência foi mantida de setembro para outubro em 4,0%. No cartão de crédito, avançou de 8,0% para 8,2% na mesma comparação.

Spread médio

O spread bancário médio no crédito livre subiu de 31,5 pontos porcentuais em setembro para 33,3 pp em outubro, conforme o Banco Central. Com isso, o spread volta a ter o maior nível da série histórica iniciada em março de 2011, como vinha ocorrendo todos os meses. Em setembro, a queda ante agosto havia sido um ponto fora da curva. O spread médio da pessoa física no crédito livre passou de 47,2 pp para 49,4 pp. Para pessoa jurídica, o spread médio passou de 15,1 pp para 16,5 pp no período.

O spread médio do crédito direcionado passou de 3,4 pp de setembro para 3,9 pp em outubro. O spread médio no crédito total (livre + direcionado) também subiu de 18,5 pp para 19,6 pp no mesmo período de comparação.

O BC informou também que a taxa de captação dos bancos no crédito livre caiu de 14,7% ao ano de setembro para 14,6% em outubro.

Média diária

A média diária de concessões de crédito livre caiu 2,7% em outubro em relação a setembro, para R$ 12,4 bilhões – em setembro, estava em R$ 12,7 bilhões. A alta no ano até o mês passado está em 0,7% e, em 12 meses até outubro, em 0,5%. No crédito direcionado, a média recuou 11,3% na comparação mensal, levando a queda do ano para 16,9%, e a de 12 meses para 14,8%. Esse montante do crédito direcionado somou R$ 1,7 bilhão no mês passado.

Quando se junta o crédito livre mais o direcionado, a queda foi de 3,8% em outubro e baixa de 1,7% no ano até o mês passado e de 1,6% em 12 meses até outubro. O total das concessões diárias ficou em R$ 14,1 bilhões no mês passado.

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