Estadão

Taxas caem com Haddad, Focus e melhora do câmbio, apesar de piora nos Treasuries

Os juros futuros fecharam a segunda-feira em queda, resistindo à virada para cima das taxas dos Treasuries, com mínimas à tarde após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reiterar que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, está participando do processo de indicações para as duas diretorias da autarquia cujos mandatos expiraram na semana passada.

Havia alguma expectativa de novidades relativas ao novo arcabouço fiscal, mas Haddad disse que a regra não foi apresentada na reunião que teve com o presidente Lula nesta segunda-feira. Também colaborou para um maior alívio na curva a melhora do câmbio, com o dólar atingindo mínimas na casa de R$ 5,16 à tarde, e, pela manhã, houve reação positiva ao Boletim Focus mostrando pausa na deterioração de boa parte das medianas de IPCA.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 caiu de 13,36% no ajuste de sexta-feira para 13,27% e a do DI para janeiro de 2025 passou de 12,84% para 12,69%. O DI para janeiro de 2027 fechou com taxa de 13,10%, de 13,19%. O DI para janeiro de 2029 encerrou com taxa de 13,50%, de 13,56%.

O avanço das taxas na semana passada abriu espaço hoje para alguma correção, enquanto o mercado aguarda a evolução da agenda nos próximos dias. A maior expectativa é pelo arcabouço fiscal que Haddad prometeu apresentar em março, com chances de sair antes do Copom no dia 22. O ministro já havia antecipado que o trabalho na Fazenda sobre o novo marco seria finalizado na semana passada e que as conclusões seriam levadas ao presidente. Por isso, as atenções estavam hoje voltadas ao desfecho da reunião com Lula. Ao deixar o encontro, o ministro confirmou que o texto já foi definido pela Fazenda, mas será apresentado aos outros ministérios que compõem a equipe econômica e depois será submetido ao chefe do Executivo.

Ao sair da reunião, Haddad também disse que tem mantido conversas com Campos Neto sobre nomes para as diretorias de Fiscalização e Política Monetária e que tem levado os nomes sugeridos para Lula. "Isso diminui a preocupação com o risco de indicações de viés mais alinhado à ideologia do PT influenciando uma antecipação da queda de juros", disse o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno.

"(Lula) vai dedicar o mês de março para conhecer essas pessoas", disse Haddad, segundo o qual não há prazo definido para anunciar os escolhidos já que as comissões do Senado encarregadas de sabatinar indicados não foram instaladas. Dois mandatos expiraram no dia 28, o de diretor de Fiscalização, Paulo Souza, e o de Política Monetária, Bruno Serra. Souza tem disposição de renovar o mandato, mas Serra já indicou que vai deixar o órgão.

Na pesquisa Focus, as medianas de IPCA para este e os próximos anos pararam de piorar, o que permitiu um alívio nos prêmios de risco logo cedo. A de IPCA 2023 segue 5,90%; a de 2024, em 4,02%; e a de 2025, 3,80%. A exceção foi a de 2026, que passou de 3,75% para 3,77%.

Posso ajudar?