Estadão

Taxas de juros caem alinhadas ao câmbio e mercado à espera da ata do Copom

Os juros futuros fecharam esta segunda-feira, 7, em queda, mais acentuada nos trechos intermediários e longos, configurando perda de inclinação para a curva. O bom desempenho do câmbio foi apontado como condutor principal para os negócios, em meio ainda ao recuo nos preços do petróleo e acomodação dos juros dos Treasuries, após a escalada na semana passada, além da expectativa pela ata do Comitê de Política Monetária (Copom), nesta terça, que deve detalhar a intenção dos diretores de reduzir o ritmo de aperto da Selic trazida pelo comunicado. O IGP-DI acima da mediana das estimativas ficou em segundo plano, assim como o risco fiscal exacerbado pela PEC dos Combustíveis foi colocado hoje em "stand by".

O recuo das taxas, porém, se deu em um ambiente de liquidez reduzida, diante da agenda carregada da semana que, além da ata amanhã, contempla o IPCA de janeiro e o CPI americano, ao longo da semana. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 11,95% (regular) e 11,98% (estendida), de 11,986% na sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2025 recuou de 11,086% para 10,97% (regular) e 11,02% (estendida). O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxas de 11,115% (regular) e 11,14%, de 11,24%.

O economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Camargo Rosa, credita o movimento dos DIs hoje à queda do dólar e aos Treasuries, uma vez que o IGP-DI de janeiro surpreendeu negativamente, com alta de 2,01%, muito acima da mediana de 1,75% (intervalo de 1,44% a 2,07%) e da taxa de dezembro (1,25%). "O recuo dos juros pode estar ainda ligado às expectativas pela ata do Copom amanhã, depois do comunicado ter sugerido que o ciclo de aperto está chegando ao fim", disse. O Copom elevou a Selic em 1,5 ponto porcentual, para 10,75%, na última quarta-feira.

Nesse contexto, a valorização maior do câmbio reforça a ideia de que o encerramento do processo de ajuste da Selic está próximo, na medida em que contribui para a desaceleração dos preços e ancoragem das expectativas futuras. A moeda no segmento à vista fechou hoje a R$ 5,2547, menor nível desde setembro.

Eduardo Velho, sócio e economista-chefe da JF Trust, diz estar "claro" que BC não fará choque dos juros e que a Selic não deve superar 12%, com uma inflação "um pouco mais frouxa". Um prognóstico mais claro sobre até quanto e até quando a Selic vai subir deve vir nesta terça na ata do Copom. Para Velho, contudo, o desenho da curva visto hoje não deve se sustentar nos próximos dias. "Na semana, a PEC dos Combustíveis ajustada e inflada , se for aprovada, com impacto fiscal, deve voltar a pressionar os juros futuros na curva média e longa dos DI", previu.

A PEC que foi protocolada no Senado abre caminho para o governo gastar até R$ 17,7 bilhões fora do teto de gastos, da meta de resultado primário e da regra de ouro ainda em 2022 – e cria um vale diesel para caminhoneiros.

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