Economia

Taxas de juros operam em alta pressionadas por estimativas mais adversas do RTI

O Relatório Trimestral de Inflação (RTI) divulgado nesta quinta-feira, 31, pelo Banco Central mostra que o BC passou a trabalhar com premissas mais adversas para a economia brasileira, o que deve dividir com o noticiário político a atenção dos investidores. O documento revela expectativas piores para o Produto Interno Bruto (PIB) e para a inflação e reconhece, pela primeira vez, que o teto da meta em 2016 não deverá ser respeitado. O centro da meta (4,5%), por sua vez, só deverá ser atingido no primeiro trimestre de 2018, o que deve balizar a política de juros do BC.

O BC destaca no RTI que as atuais condições da economia brasileira “não permitem trabalhar com a hipótese de flexibilização monetária”. Essa declaração, associada às previsões mais adversas da inflação, contribuem para a alta dos juros. Com isso, às 10 horas, o DI para janeiro de 2018 estava em 13,58%, ante 13,46% no ajuste de quarta-feira.

“O documento afirma que as condições atuais não permitem trabalhar com a hipótese de flexibilização monetária e que o BC adotará as medidas necessárias para que a inflação fique dentro dos limites estabelecidos pelo CMN este ano e convirja para o centro da meta em 2017. Essas duas condições estão sendo desobedecidas no momento”, pondera o economista-chefe da Icatu Vanguarda, Rodrigo Melo.

Embora o RTI mereça destaque neste início de quinta-feira, o mercado também permanece atento ao noticiário de Brasília. O ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, e o professor de Direito Tributário da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Ricardo Lodi Ribeiro, indicados pelo governo, serão ouvidos pela comissão especial do impeachment a partir das 11 horas.

A movimentação do governo federal no sentido de retirar cargos de pessoas indicadas ao PMDB e repassá-los aos partidos que permanecem na base governista também é considerada nas análises do mercado financeiro. O PP e o PR já adiaram a decisão sobre a saída ou não do governo. A expectativa agora ronda o PSD, do ministro das Cidades, Gilberto Kassab, que ainda não se posicionou após a decisão do PMDB de deixar a base.

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