Estadão

Taxas de juros recuam alinhadas ao alívio no mercado de Treasuries após dados nos EUA

Os juros futuros terminaram a sessão em baixa, comportamento que preveleceu ao longo de toda a sessão. Os dados de atividade e inflação que saíram ainda pela manhã apontaram para um pouso suave da economia dos EUA, atraindo fluxo para ativos emergentes e favorecendo ainda a colocação de prefixados do Tesouro. A liquidez, porém, foi mais fraca nesta quinta-feira de feriado na cidade de São Paulo.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 encerrou em 10,030%, de 10,05% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026 caiu de 9,76% para 9,69%. O DI para janeiro de 2027 fechou com taxa de 9,83% (de 9,92% ontem) e a do DI para janeiro de 2029, em 10,26%, na mínima, de 10,35%.

Com a agenda e noticiário esvaziados, o mercado voltou-se aos eventos externos, num dia carregado de indicadores nos EUA e reuniões de política monetária pelo mundo. A grande expectativa era pelo PIB americano, que subiu 3,3% no quarto trimestre em termos anualizados, superando não só o consenso de 2% como também o teto das estimativas (2,8%). Porém, houve significativa desaceleração em relação ao terceiro trimestre de 2023 (4,9%). Além disso, a inflação do período medida pelo índice de Preços de Gastos com Consumo (PCE, em inglês) desacelerou quase 1 ponto, com taxa anualizada passando de 2,6% para de 1,7%.

"O PIB acima do esperado poderia jogar os juros para cima, mas com a desaceleração da inflação o mercado se acalmou. Teve ainda a reação mais dovish ao BCE", afirma o estrategista de renda fixa da BGC Liquidez, Daniel Leal.

Além do PIB, outros dados de atividade que saíram hoje, abaixo do esperado, endossaram a percepção de que a economia já pode estar esfriando neste primeiro trimestre. Nesse contexto, os juros dos Treasuries recuaram, também em função de um leilão de T-Notes com demanda acima da média. No fim da tarde, o rendimento da T-Note de dez anos marcava 4,128%.

Nas decisões de política monetária, o Banco Central Europeu (BCE) manteve os juros inalterados pela terceira vez consecutiva. O Banco Central da África do Sul também manteve os juros, em 8,25%, em decisão unânime. Já o Banco Central da Turquia elevou sua principal taxa de juros em 2,5 pontos porcentuais, para 42,5%, mas também sinalizou o fim do atual ciclo de aperto monetário.

O alívio na curva local também estaria decorrendo da entrada de fluxo externo, o que ajuda a explicar ainda o sucesso do leilão de prefixados hoje. O Tesouro colocou integralmente a oferta de 13,5 milhões de LTN e de 2,5 milhões de NTN-F, mesmo com um DV01 (risco) de US$ 755 mil que pode ser considerado elevado.

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