Os juros futuros fecharam a quarta-feira em alta moderada nos contratos de médio e longo prazos e com estabilidade na ponta curta. O ganho de inclinação da curva local reflete a cautela no mercado global, onde tanto o dólar quanto os yields dos Treasuries avançaram, com os agentes resgatando temores de forte elevação de juros pelo Federal Reserve que possam levar a economia americana à recessão e preocupações com o impacto do pacote fiscal no Reino Unido. No front doméstico, o mercado segue acompanhando o mapa dos apoios políticos para a eleição no segundo turno, na expectativa pelas próximas pesquisas de intenção de votos.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou a 12,735% (mínima), estável ante o ajuste de terça, e a do DI para janeiro de 2025 subiu de 11,45% para 11,52%. O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 11,31%, de 11,24% na terça.
As taxas oscilaram majoritariamente em alta, alinhadas ao comportamento das curvas no exterior e também o impulso generalizado do dólar, por sua vez, a partir de indicadores de atividade da economia americana acima do esperado.
"Os dados de hoje sinalizam que o Fed não deve afrouxar tão cedo sua postura, depois dos indicadores nos últimos dias terem dado alguma esperança", comentou o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno.
Desse modo, o juro da T-Note de dez anos saiu do nível de 3,63% na terça para 3,75% na terça, e a taxa da T-Note de 2 anos, de 4,10% para 4,13%. O Dólar Global (DXY) avançou ante moedas forte e de economia emergentes, fechando no Brasil a R$ 5,1840 (+0,31%).
No Brasil, a agenda trouxe a Pesquisa Industrial Mensal (PIM) apontando queda de 0,6% na produção industrial de agosto na margem, variação perto do que indicava a mediana das estimativas (-0,7%). O resultado não produziu efeito sobre as taxas, até porque o noticiário eleitoral é o que tem despertado mais interesse.
A configuração dos apoios para o segundo turno por enquanto não tem surpreendido o mercado, que tem expectativa maior nas pesquisas que saem nesta semana – esta noite tem a do Ipec -, mesmo que não tenham conseguido capturar com fidelidade os resultados do primeiro turno.
"Vamos ver o quanto Bolsonaro teria de potencial para virar ou se Lula tende a consolidar a liderança. Agora, os institutos têm uma base para identificar e corrigir as distorções e a tendência é que as pesquisas convirjam entre si e também para os resultados efetivos", avalia Rostagno.
A quarta-feira teve a confirmação do apoio da ex-candidata à Presidência Simone Tebet (MDB) a Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que obteve ainda a adesão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Já o governador reeleito do Paraná, Ratinho Junior (PSD), anunciou apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL).
Os DIs de prazo mais curto oscilaram marginalmente, diante da consolidação da ideia de que a Selic não deve voltar a subir e sem um quadro mais claro sobre quando se inicia o ciclo de cortes. Com isso, a dinâmica deste trecho fica atrelada a indicadores de preços que venham mais atípicos e ao noticiário da inflação.
Um ponto de atenção são os preços do petróleo, que engataram alta nos últimos dias com o Brent firmando-se acima de US$ 90 por barril, o que já estaria pressionando os preços da Petrobras. Fontes ouvidas pelo Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) apuraram que a diretoria da empresa recebeu "sinalização" do governo Bolsonaro para que não haja reajuste nos combustíveis até o segundo turno das eleições.