Os juros futuros fecharam com viés de queda nesta quarta-feira, após uma sessão volátil, em que as taxas alternaram altas e baixas em ritmo moderado. O mercado operou com um olho na cautela no exterior e outro no andamento das pautas econômicas no Congresso. Dado de atividade acima do esperado nos EUA impulsionou o rendimento dos Treasuries longos, pesando na curva local em boa parte do dia, que teve também nova valorização dos preços do petróleo.
No Brasil, a perspectiva de votação do projeto de lei de taxação dos fundos de alta renda na Câmara, importante para os planos de arrecadação do governo, ainda nesta quarta trouxe alívio no fim do dia, quando também o mercado aproveitou para ajustar posições antes do IPCA-15 de outubro, na quinta-feira.
O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 fechou com taxa de 10,915%, de 10,934% no ajuste anterior, e o DI para janeiro de 2026 com taxa em 10,78% (mínima), de 10,82% na terça. A do DI para janeiro de 2027 encerrou em 10,97% (11,02% na terça) e o DI para janeiro de 2029 projetava taxa de 11,41%, de 11,44%.
Até o meio da tarde, prevalecia o sinal de alta alinhado à curva dos Treasuries, por sua vez pressionada pelo aumento além do previsto das vendas de moradias novas nos EUA. O resultado reforçou a percepção do "higher for longer" para a política de juros do Federal Reserve e os yields avançaram. "A volatilidade continua elevada. Dados nos EUA de mercado imobiliário vieram muito fortes e acabaram pressionando aqui", disse o economista-chefe do banco BMG, Flávio Serrano.
Os preços do petróleo também avançaram, com o tipo Brent voltando a se aproximar de US$ 90 por barril, ante a piora da percepção de risco no conflito Israel-Hamas.
Posteriormente, as taxas locais se descolaram de Wall Street, zerando a alta e oscilando com viés de baixa, depois que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), colocou na pauta do dia o projeto de lei que prevê a taxação dos fundos de alta renda (exclusivos e offshore). O texto a ser votado está alinhado com todos os líderes, de acordo com o parlamentar. A decisão vem na esteira da mudança na presidência da Caixa, anunciada no período da tarde, para acomodar um nome indicado por Lira.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, conta o projeto para tentar zerar o déficit das contas públicas ano que vem. Segundo apurou o <i>Broadcast Político</i> (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), Lira e os líderes partidários da Casa decidiram que haverá um esforço concentrado para votações nas próximas duas semanas.
Além disso, as mínimas das taxas curtas no fim do dia sugerem que o mercado passou a trabalhar com a possibilidade de surpresa positiva do IPCA-15 de outubro, na quinta. Na pesquisa do Projeções Broadcast, a mediana das estimativas é de 0,21%, ante 0,35% em setembro. A expectativa é de alívio ainda em preços administrados, de serviços e de serviços subjacentes.