Os juros futuros fecharam a sessão com taxas perto da estabilidade, mas com viés de alta, em meio à pressão do câmbio e expectativa com a agenda da semana, que tem como destaques a decisão de política monetária do Federal Reserve e o IPCA de maio, ambos nesta quarta-feira, 10. Assim como ontem, o mercado se ressentiu de vetores mais fortes a conduzir os negócios, num dia em que o calendário econômico continuou esvaziado. Pela manhã desta terça, 9, as declarações do diretor de Política Econômica do Banco Central, Fabio Kanczuk, tidas como "dovish", chegaram a limitar a influência do câmbio e trazer as taxas mais perto da estabilidade.
Em videoconferência organizada pelo Credit Suisse, o diretor do BC voltou a dizer que, diferentemente dos Estados Unidos e da União Europeia, o Brasil está longe do juro zero. Por isso, ele repetiu que o BC continuará fazendo política monetária tradicional no curto prazo. "Vamos fazer política monetária através da Selic, onde ela é mais eficiente e tem menos riscos."
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 encerrou a 3,14%, de 3,121% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 passou de 5,773% para 5,78%. A taxa do DI para janeiro de 2027 terminou em 6,73%, de 6,712%.
Para o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, o mercado de juros, após uma pequena realização de lucros, entrou à tarde em compasso de espera pelo o que virá. "O dia é de pouca notícia, a semana começa a ganhar tração amanhã", afirmou.
Em relação ao Fed, a faixa entre zero e 0,25% para o juro americano deve ser mantida e a maior expectativa é pela leitura da instituição sobre os dados do mercado de trabalho nos Estados Unidos, que mostraram surpreendente reação em maio. Não só no comunicado, mas também eventuais considerações por parte do presidente do Fed, Jerome Powell, que dará entrevista após a reunião.
Já o IPCA de maio tem potencial para definir o rumo das taxas logo na abertura da sessão. A mediana das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast aponta deflação de 0,46%, mas Rostagno lembra que alguns índices têm surpreendido. "Em 12 meses, o acumulado deve vir abaixo de 2%, se afastando ainda mais do piso da meta (2,50%)", disse o estrategista. Em 12 meses até abril, o IPCA aponta inflação de 2,40%.
A agenda do dia até trouxe dados de inflação, mas que foram apenas monitorados. A primeira prévia do IGP-M de junho mostrou uma guinada no índice, com alta de 1,36%, ante queda de 0,32% na mesma leitura de maio. O IPC-Fipe da primeira quadrissemana do mês ficou estável, após cair 0,24% em maio.
No quadro de apostas para a Selic, a curva mostrava 60% de chance de corte de 0,75 ponto porcentual no Copom de junho e 40% de probabilidade de queda de 0,50 ponto, segundo Rostagno.