Taxas fecham em baixa com exterior, revisões de PIB e Selic

A quinta-feira, 2, foi de alívio nos prêmios de risco da curva a termo na sessão regular, mas na reta final dos negócios a ponta longa zerou a queda e fechou com viés de alta. A melhora do humor no exterior a partir do mercado de petróleo, novas medidas anunciadas pelo governo para combater os efeitos do coronavírus na economia, boa disposição do Congresso para votar medidas, mais revisões de PIB e Selic para baixo e, por fim, cancelamento do leilão de NTN-F formaram o mix de fatores a conduzir as taxas futuras. O destaque foram os vencimentos intermediários, que caíram em até 16 pontos-base.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 encerrou em 3,205%, de 3,248% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2022 caiu de 4,211% para 4,05%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 7,75%, de 7,732% ontem.

A trajetória descendente dos juros começou ainda ontem na sessão estendida, após anúncio de medidas do Fed e do Tesouro cancelando o leilão de NTN-F para hoje, o que tirou pressão do mercado na medida em que os participantes da operação têm de buscar hedge no DI para fazer suas ofertas. E prosseguiu hoje com o Conselho Monetário Nacional anunciando medidas para o crédito, enquanto no exterior os sinais de corte expressivo na produção de petróleo para estabilizar os preços acalmaram o mercado, em contraponto à nova decepção com disparada dos pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos na semana passada.

Para Vladimir Caramaschi, estrategista-chefe da CA Indosuez Brasil, o mercado está "resignado" sobre os efeitos da pandemia na atividade e, apesar de ciente das dificuldades, quer acreditar que as medidas já adotadas podem estancar o "backstop" da economia. "Temos os BCs operando no modo Mario Draghi", afirmou, se referindo ao ex-presidente do Banco Central Europeu (BCE) e seu super QE (quantitative easing) anos atrás.

A curva continuou hoje mostrando um mercado dividido nas apostas para o Copom de maio. A precificação, de -37 pontos, indica 50% de chance para corte de 0,5 ponto porcentual na atual Selic de 3,75% e 50% de possibilidade de queda de 0,25 ponto.

Algumas instituições revisaram agressivamente suas estimativas para a taxa básica, caso da Itaú Asset, que agora vê corte de nada menos do que 2,25 pontos porcentuais, o que levaria a Selic a 1,5% no fim do ano.

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