Os juros fecharam o dia em baixa em função do aumento do pessimismo sobre a atividade diante da crise do coronavírus e da perspectiva de que amanhã a Pesquisa Industrial Mensal (PIM) de fevereiro trará um número bastante fraco da produção industrial. Nesse contexto, em meio ainda a novas revisões de PIB e Selic para baixo, as apostas em mais um corte da Selic em 0,5 ponto porcentual no Copom de maio ganharam força e já são levemente majoritárias na precificação da curva a termo.
A taxa do contrato e Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 renovou mínima histórica no encerramento da etapa regular, em 3,235%, de 3,394% ontem no ajuste. A do DI para janeiro de 2022 caiu de 4,171% para 4,05%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 7,48%, de 7,532%.
Neste níveis, a curva encerrou março, quando a epidemia se espalhou pelo mundo e começou a matar no Brasil, fortemente inclinada ante os níveis do fim de fevereiro, refletindo o aumento da perspectiva de maior afrouxamento monetário e, ao mesmo tempo, da aversão a ativos de risco.
O destaque hoje foram os juros de curto e médio prazos, que concentram a percepção sobre a política monetária nos próximos meses. Este trecho, segundo fontes nas mesas de renda fixa, foi influenciado pela expectativa de um número bem ruim da produção a ser divulgado amanhã pelo IBGE e que, sendo referente a fevereiro, captaria apenas o começo dos efeitos do coronavírus na atividade. Na pesquisa do Projeções Broadcast, com 31 instituições, a mediana é negativa em 0,40%, a partir do intervalo de -1,70% a 0,30%.
Nesta recente safra de indicadores econômicos de fevereiro, portanto antes do pior da crise, os dados "bons" ou "não tão ruins", ou ainda os dentro do esperado, tendem a ser relativizados, enquanto os mais negativos acabam por acentuar o ceticismo do mercado, por já serem fracos antes mesmo dos impactos mais nocivos da epidemia. Hoje, o IBGE informou que a taxa de desemprego subiu de 11,2% no trimestre encerrado em janeiro para 11,6% no trimestre terminado em fevereiro, em linha com a mediana das previsões. Em dados ajustados sazonalmente, contudo, economistas dizem que houve estabilidade da taxa.
"Para os próximos meses, esperamos uma deterioração mais forte da atividade, o que deve vir acompanhada de um aumento substancial na taxa de desemprego", disseram os analistas da Guide Investimentos.
Bradesco e Citi foram duas instituições a anunciarem hoje revisões em baixa para o PIB este ano. O Bradesco cortou sua expectativa de alta de 2% para queda de 1% e ainda espera Selic de 3%. Já o Citi reviu de alta de 1,6% para queda de 1,7%. Na curva, a precificação de corte da Selic para maio já é de -39 pontos-base, ou 55% de chance de queda de 0,50 ponto porcentual e 45% de possibilidade de redução de 0,25 ponto, conforme cálculos do banco Haitong.