Com o cenário do Copom desta semana consolidado, o grande movimento da curva de juros nesta segunda-feira foi o desmonte de posições nos vértices médio e longo. A queda firme, de mais de 10 pontos-base em alguns contratos, se deve à baixa forte do dólar ante o real, que nesta segunda-feira furou o piso de R$ 5,30.
Assim, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 passou de 12,259% no ajuste de sexta-feira a 12,255% (regular) e 12,250% (estendida). O janeiro 2025 caiu de 11,353% a 11,27% (regular) e 11,215% (estendida). O janeiro 2027 cedeu de 11,327% a 11,22% (regular) e 11,17% (estendida). E o janeiro 2029 recuou de 11,451% a 11,35% (regular) e 11,30% (estendida).
Com uma queda de quase R$ 0,10 entre o fechamento de sexta-feira e o desta segunda, o dólar à vista recuou a R$ 5,3059 no encerramento da sessão, a menor taxa desde 22 de setembro. Esse movimento ajudou a tirar prêmios da curva de juros, especialmente nos trechos que são mais expostos ao risco.
A forte decida do dólar tem relação com o maior ingresso de recursos no País, para a Bolsa e o carry trade de juros, fazendo com que o fluxo alinhave o movimento nos três principais mercados domésticos. Há também o alto custo de carrego de posições contra o dólar, por causa das taxas em alta.
Agentes do mercado também avaliam que as incertezas do cenário eleitoral dão sinais de se dissiparem mais cedo do que o projetado, com reflexos nos ativos domésticos como um todo – ainda que um tanto tardios nos juros, dado o cenário fiscal que prescreve cuidados. Mesmo sem a terceira via, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), líder das pesquisas para o Planalto, deu sinais de moderação em seu discurso.
Nesta segunda-feira, a agência <i>Bloomberg</i> publicou entrevista em que o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega reconheceu erros durante a sua gestão na pasta e disse que não será ministro de Lula caso o petista vença a eleição em outubro.
Nos vértices mais curtos, o mercado segue em compasso de espera da decisão do Copom na quarta-feira. É consenso entre analistas e na curva de juros que a elevação será de 150 pontos-base. A questão, então, são os prováveis sinais do fim do ciclo de alta e até quando esse nível terminal será mantido.
Na curva de juros, por exemplo, a curva projeta taxa de 12,40% no fim do ano, o que embute 60% de chance de Selic a 12,50% e 40%, a 12,25%.