Estadão

Taxas sobem com realização de lucros após três sessões em baixa

Os juros futuros começaram a semana em alta, realizando lucros após três sessões seguidas de queda. O ajuste chegou a perder força no meio da tarde, após o bem-sucedido leilão de títulos de 20 anos do Tesouro norte-americano, com demanda firme e taxas abaixo da média, ter aliviado a curva dos Treasuries. As taxas locais então foram para a estabilidade, mas depois voltaram a subir. O ambiente de negócios foi fraco, com agenda local esvaziada pelo feriado da Consciência Negra em várias cidades do País e exterior sem destaques.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 fechou em 10,480%, de 10,420% no ajuste de sexta-feira. O DI para janeiro de 2026 tinha taxa de 10,20%, de 10,11% no último ajuste. A do DI para janeiro de 2027 encerrou a 10,33% (de 10,25%) e a do DI para janeiro de 2029, em 10,74% (máxima), de 10,66%.

O recuo de mais de 30 pontos-base nas principais taxas na semana passada dava espaço para ajustes, na ausência de um condutor forte para os negócios nesta segunda-feira. Assim, as taxas subiram pela manhã, enquanto os rendimentos dos títulos do Tesouro americano não tinham direção firme. O fôlego de alta esmaeceu no meio da tarde, após o leilão de US$ 16 bilhões em T-Bonds de 20 anos pelo Tesouro norte-americano. A taxa bid-to-cover, um indicativo da demanda, ficou em 2,58 vezes, acima da média recente, de 2,52 vezes. Nos Treasuries, as taxas longas passaram a recuar, mas a queda também perdeu fôlego no fim da tarde.

"Os investidores estão demandando menos prêmio na taxa de juros americana. Menos prêmios nos EUA reduz atratividade das taxas lá, leva à queda do dólar e do DI longo", afirmou o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, lembrando que o comportamento do câmbio de emergentes é um bom termômetro sobre o apetite dos investidores. O dólar à vista fechou hoje em baixa de 1,10%, aos R$ 4,8517. No fim da tarde, o alívio se esvaiu e as taxas retomaram a trajetória altista.

Nos próximos dias, o calendário econômico local é escasso, mas a agenda em Brasília é importante para as aspirações fiscais do governo. Amanhã, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado pode apreciar o relatório do projeto de lei (PL) que taxa fundos offshore e fundos exclusivos. E a Comissão Mista de Orçamento do Congresso Nacional pode votar nesta semana o relatório final da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024, no qual o governo optou por não enviar sugestão de emendas para alterar a meta de déficit primário zero em 2024.

A Pesquisa Focus, divulgada antes da abertura, foi monitorada, sem influenciar o comportamento da curva. Até porque as projeções de IPCA para 2024, 2025 e 2026 pouco se alteraram. Para 2024 e 2025, anos que estão no horizonte da política monetária, as medianas ficaram em 3,92% (3,91% na semana passada) e 3,50% (inalterada). Para 2026, também permaneceu em 3,50%.

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