Taxas sobem pressionadas por Treasuries, risco fiscal e de inflação

Os juros futuros fecharam a sessão em alta, pressionadas pela retomada do avanço no rendimento dos Treasuries, piora na percepção fiscal e política e aumento dos riscos inflacionários. As máximas foram atingidas no fim da tarde, com maior pessimismo sobre o encaminhamento da PEC Emergencial e também a informação de que o governo avalia aumentar a tributação de bancos para compensar ao menos em parte a isenção de impostos federais sobre combustíveis.

Os vencimentos intermediários e longos foram os mais afetados, o que inclinou mais a curva a termo, com a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2027 já de volta à marca de 8%, não vista desde abril. Em meio à tensão com o presidente Jair Bolsonaro, a Petrobras anunciou mais uma rodada de reajustes nos preços de combustíveis, reforçando os receios com a inflação. No exterior, a aprovação do pacote fiscal de US$ 1,9 trilhão na Câmara dos Representantes dos EUA ajudou as bolsas, mas pesou sobre o mercado de títulos, reverberando na curva local.

A taxa do DI para janeiro de 2022 encerrou em 3,805% (regular) e 3,875% (estendida), de 3,769% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2023 fechou em 5,72% (regular) e 5,80% (estendida), de 5,598% no ajuste anterior. A do DI para janeiro de 2025 subiu de 7,226% para 7,37% (regular) e 7,47% (estendida), e a do DI para janeiro de 2027 encerrou em 7,97% (regular) e 8,07% (estendida), de 7,854% no ajuste, sendo o pico desde 27/04/2020 (8,42%).

Na sexta-feira, a ponta longa até havia tido alívio assegurado pela pausa no rali dos Treasuries, mas hoje os yields voltaram a subir, com a T-Note projetando 1,45% nas máximas da manhã, em reação ao pacote. "O clima melhorou para as ações, mas continua muito negativo para o mercado de juros. Temos essa pressão externa há algumas semanas e aqui o imbróglio político bate mais forte no DI e no câmbio", avalia o estrategista-chefe da CA Indosuez Brasil, Vladimir Caramaschi.

No fim da sessão regular, as taxas ampliaram a alta e bateram máximas, com o dólar reduzindo as perdas e tocando novamente R$ 5,60 e maior cautela com a PEC Emergencial. O mercado acompanha com certo ceticismo as negociações em torno do texto que vai permitir a retomada do auxílio, mas com compensações fiscais. E teme novo adiamento da votação, marcada para quarta (03). "O receio com a possível votação da PEC Emergencial na quarta-feira, ainda sem contrapartida e com a possibilidade de poder ser novamente prorrogada, segue deixando os ativos locais mais pressionados, especialmente a curva de juros", disse o operador de renda fixa da Renascença DTVM Luis Felipe Laudisio dos Santos.

No meio da sessão estendida, houve nova rodada de máximas, atribuídas à notícia de que o aumento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) dos bancos está na mesa de negociação para compensar a desoneração do diesel e dos combustíveis, segundo apurou o Estadão/Broadcast. "Afetou primeiro a bolsa, puxou o dólar e o DI, que já estava estressado, andou também", comentou o gerente da Mesa de Reais da CM Capital, Jefferson Lima.

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