Estadão

Taxas voltam a subir com pressão do câmbio, risco político e exterior negativo

Os juros futuros fecharam mais uma vez em alta. O cenário político pesado seguiu contaminando a percepção sobre as reformas e trazendo aversão a risco para os ativos locais, num dia em que também o exterior não ajudou. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 encerrou em 5,78%, de 5,753% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2023 subiu de 7,178% para 7,275%. O DI para janeiro de 2025 encerrou com taxa de 8,35%, de 8,235% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2027 passou de 8,673% para 8,77%.

O movimento de risk off penalizou ativos de risco globais desde cedo, com temores sobre a disseminação da variante delta do coronavírus e o PMI de Serviços nos Estados Unidos em junho abaixo do esperado estimulando realização de lucros nas Bolsas e direcionando fluxo para a segurança dos Treasuries. O dólar se fortaleceu e, ante o real, voltou a superar R$ 5,20, apenas três sessões depois de ter fechado abaixo de R$ 5 no último dia 30.

A estrategista-chefe da MAG Investimentos, Paricia Pereira, afirma que o mercado começou a piorar com o dado dos EUA, mas lembra também que nesta quarta-feira será divulgada a ata do Federal Reserve. "A expectativa para a ata amanhã é, no mínimo, de cautela. Na última reunião, o comunicado foi hawk", disse.

Internamente, o quadro político vai se agravando, com sinais de corrupção dentro do governo que, na visão dos agentes, ameaçam a agenda econômica. "Tem notícia de que o núcleo próximo ao governo já teria assumido que existia corrupção no Ministério da Saúde e vemos a popularidade do governo despencando, apesar do avanço da vacinação, da atividade melhor e do pagamento do auxílio", disse Patricia, para quem por ora a precificação de um possível impeachment é "zero", mas os ruídos políticos contaminam o ambiente e paralisam as reformas.

Na seara econômica, a revisão nas projeções de inflação continuam. O Banco Original elevou sua estimativa de IPCA para 2021 de 6,20% para 6,50%, mas reduziu a de 2022 de 4% para 3,70%, ainda acima da meta de 3,5%. Na quinta-feira, sai o dado de junho, para o qual a mediana das expectativas é de 0,59%, de 0,83% em maio, segundo o Projeções Broadcast.

Na curva a termo, a precificação de Selic para agosto subiu de 101 pontos para 103 pontos de ontem para hoje. Se considerado um cenário binário, entre apostas de 1 ponto e 1,25 ponto, as probabilidades seriam de 86% e 14%, respectivamente, mas o descarte da chance de 0,75 ponto é visto como prematuro uma vez que esta foi a sinalização do Copom para o próximo encontro.

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