Um grupo de taxis fez um protesto contra o aplicativo Uber em uma festa da Revista Vogue, em frente ao Hotel Unique, nos Jardins, zona sul de São Paulo, na noite desta quinta-feira, 28. Eles cercaram todos os carros pretos em frente ao hotel, que fica na Avenida Brigadeiro Luís Antonio, altura do número 4.700, e hostilizaram os motoristas, evitando que os passageiros fossem embora com o serviço do aplicativo. No mesmo dia, houve confronto entre taxistas e motoristas do Uber na zona sul do Rio.
De acordo com a Polícia Militar, o tumulto em São Paulo começou por volta das 22h e se estendeu pela madrugada, até por volta das 4h40, quando o grupo dispersou. Viaturas acompanharam o protesto mas não fizeram intervenções. Ninguém foi detido.
Já no Rio, ocorreu uma briga em um posto de gasolina, na Lagoa Rodrigo de Freitas. Dois motoristas do Uber que estavam no local teriam sido abordados por cerca de 20 taxistas. Na confusão, carros foram depredados. Motoristas dos dois lados apresentaram versões diferentes para quem teriam começado a confusão, que foi parar na delegacia. Segundo os condutores do aplicativo, taxistas teriam tentado intimidá-los. Já os taxistas disseram que os motoristas do Über teriam iniciado as agressões. Policiais foram chamados ao local para conter a confusão.
Consulta pública
Horas antes dos confrontos o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), havia afirmado que os taxistas vão “desaparecer pela concorrência predatória” caso não aceitem a regulação do transporte individual. E alertou aos taxistas: “Não temos condições de fiscalizar uma nuvem, que é do que se trata hoje. Quando o transporte clandestino era coletivo, havia os pontos de parada (para fiscalizar)”, disse o prefeito, que também classificou como “reducionismo” críticas sobre a Prefeitura ser “contra ou a favor dos táxis”. “O que está em jogo não é a existência do táxi, mas do taxista.”
A consulta pública do decreto que regulamenta a Uber em São Paulo recebeu, ao todo, 5.865 contribuições entre dezembro e quarta-feira, 27. De acordo com dados apresentados pelo presidente da SP Negócios, Rodrigo Pirajá, 78% das contribuições opinativas foram favoráveis a regular o aplicativo.
O decreto determina que os motoristas só podem pegar passageiros por meio de aplicativo – e não na rua. Os condutores comprariam créditos por quilômetro rodado, com validade de até dois meses, e a Prefeitura estabelece um teto que pode ser cobrado pelo serviço. Também se prevê estímulos para quem trafegar fora do horário de rush, na periferia, tiver veículo adaptado para pessoas com deficiência ou faça corridas divididas. Nesse último caso, o passageiro deve aceitar dividir a viagem com outras pessoas.