Em uma decisão recente, o Departamento de Patrimônio Histórico da Secretaria Municipal de Cultura incluiu no processo de tombamento o prédio na Rua Barão de Iguape, no centro de São Paulo, utilizado como teatro pela escola Célia Helena há quase 40 anos. A entidade é responsável pela formação de novos profissionais das artes cênicas.
De acordo com o secretário municipal de cultura, Nabil Bonduki, o prédio construído no início do século 20 tem dupla importância para a cidade.
Antigamente, o terreno servia como uma fábrica de carimbos. Foi adaptado para o teatro pelo arquiteto Ruy Ohtake, viúvo da atriz e diretora Célia Helena (1936-1997) e inaugurado em 1977 com um show de Maria Bethânia.
Hoje, a escola, dirigida pela diretora e atriz Lígia Cortez, é referência na formação em artes cênicas em São Paulo. Antes mesmo de incluir a instituição na lista de bens a serem tombados, Bonduki informou que já havia um estudo preliminar. “Isso reiterou a importância social e simbólica do espaço, o que adiantou o processo”.
Além do teatro, o terreno serve para aulas práticas. As teóricas são dadas na unidade do Itaim Bibi e nela, lecionam nomes como os diretores Samir Yazbek e Nelson Baskerville. Para o próximo ano, a escola tem planos de abrir um mestrado na área de direção teatral.
Além desse, há uma unidade no bairro do Pacaembu, voltado a formação artística de jovens e crianças.
Segundo Bonduki, o próximo passo será conduzir estudos conclusivos que serão realizados pelo Departamento e em seguida aguardar a avaliação do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo, o Conpresp. “Isso pode levar de 2 a 6 meses. Temos uma equipe pequena, mas daremos prioridade”, afirmou.
Além do teatro, na mesma data foram apresentados outros 150 bens de várias regiões da cidade para abertura de processo de proteção e tombamento.
Outros espaços teatrais da cidade, no entanto, não tiveram a mesma sorte. No ano passado, por exemplo, o Núcleo Bartolomeu acabou despejado de sua sede, no bairro da Pompeia, para ceder espaço para um condomínio residencial. Segundo a Cooperativa Paulista de Teatro, até o ano passado, 22 teatros independentes da cidade estavam ameaçados por algum tipo de especulação imobiliária. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.