Variedades

Teatro Oficina vê ofensa em proposta sobre processo

Na quarta-feira, 5, o diretor teatral José Celso Martinez Corrêa esteve no Fórum Criminal da Barra Funda para audiência preliminar (de caráter conciliatório) de um processo movido pelo Ministério Público do Estado de São Paulo acusando a Associação Teatro Oficina Uzyna Uzona de ter cometido crime contra a paz pública.

A denúncia foi feita pelo padre Luiz Carlos Lodi da Cruz após o grupo apresentar uma cena do musical Acordes, na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), em 2012. No excerto, palhaços despedaçavam um grande boneco que simbolizava o capitalismo. A passagem foi adaptada para a apresentação no Pátio da Cruz da PUC: na ocasião, o boneco representava o Papa Bento 16.

A performance foi feita a convite de estudantes da instituição que se manifestavam contra a posse de Anna Maria Marques Cintra como reitora: mesmo ficando em terceiro lugar na eleição, ela foi indicada ao cargo por Dom Odilo Scherer. Após determinar seu afastamento, a Justiça de São Paulo decidiu mantê-la no cargo.

Segundo texto publicado no site do Oficina, além de Zé Celso, estavam presentes no Fórum a produtora Ana Rúbia Melo e os atores Mariano Mattos Martins e Tony Reis. O grupo diz ter sido acusado pelo promotor de se esconder no teatro para dizer impropérios e incitar a violência. “Ninguém se esconde dentro da arte”, escreveu Zé Celso em artigo enviado ao jornal O Estado de S.Paulo, por e-mail. “A arte jamais esconde nada, entrega. Eu me mostro tanto que posso ficar nu.”

O promotor teria proposto o pagamento de uma multa de um salário mínimo para encerrar o caso. “Não aceitamos pagar porque não somos culpados de nada nesta incriminação”, escreveu o diretor, ainda no artigo. Enxergando censura na situação, Zé Celso lembra que “ainda somos livres porque conquistamos esta liberdade” e que “talvez o teatro tenha sido a arte que mais contribuiu para o a perda de poder do regime militar”. “O que aconteceu foi um fenômeno deste fim de ano em que as pessoas saem de suas tocas para pedir o retorno do golpe militar”, diz, em referência às recentes manifestações na cidade.

Contatado, o Tribunal de Justiça de São Paulo não deu informações sobre o caso, alegando que o processo está em segredo de Justiça.

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