“Uma casa não é um lar se não há ninguém ali para te abraçar”. Os versos de Burt Bacharach e Hal David da belíssima canção A House Is Not a Home, composta em 1964, ficaram famosos nas vozes de intérpretes como Luther Vandross e Dionne Warwick. A partir deles, compreende-se que, tão importante quanto ter uma casa, tornar esse conglomerado de paredes um lar exige que todos que ali vivem importem-se uns com os outros e queiram estar juntos.
A analogia parece apropriada para falar sobre a nova sede das orquestras de Guarulhos, a Gru Sinfônica e a Orquestra Jovem, que a partir do mês de maio encontram nas dependências do Teatro Padre Bento, no Jardim Tranquilidade, muito mais que sua nova casa, antes, um lar de acolhimento de toda a magnitude e potência de sua Temporada 2022.
O espetáculo de estreia da sede, que acontece no dia 1º de maio, domingo, às 17h, reúne o corpo artístico de ambas as orquestras e, juntas, elas interpretam obras-primas de Heitor Villa-Lobos e Richard Strauss.
Nesse concerto da série Convidados Especiais, as orquestras da cidade trazem a soprano Tati Helene ao palco para interpretar o ciclo das Quatro Últimas Canções, peças do austríaco Strauss compostas em 1948, e as canções de A Floresta do Amazonas, do brasileiro Villa-Lobos.
A nova sede e a descentralização das atividades
E não são apenas as orquestras que passam a fazer parte do histórico complexo do Teatro Padre Bento. O corpo artístico da Banda Sinfônica Municipal de Guarulhos, coordenada pelo maestro Marcelo Mendonça, e a Roda de Choro do Samuka, coordenada pelo professor JG, também vão utilizar o espaço para ensaios, apresentações e pockets.
“Ao mover as atividades das orquestras para esse espaço de tamanho potencial, contribuímos para a descentralização da atividade artística e cultural da cidade e também para a revitalização de espaços, tal qual o Teatro Padre Bento, que merecem utilização mais intensa”, explica o vice-prefeito e secretário de Cultura, Professor Jesus.
Estacionamento, acústica privilegiada e capacidade de 350 lugares são algumas das vantagens que o Teatro Padre Bento oferece ao público, um dos mais belos da cidade e palco de atividades culturais gratuitas para toda a comunidade.
Historiadores contam que o Jardim Tranquilidade foi construído por famílias, lideranças, empresários, comerciantes, trabalhadores, entidades religiosas, sociais e esportivas e, sobretudo, por amigos.
Após o fechamento do complexo do Sanatório Padre Bento, que abrigava doentes de hanseníase, os internos curados foram recebendo alta e tratamento em suas residências, que ficavam nas redondezas do sanatório. No complexo havia igreja, campo de futebol, teatro e a caixa beneficente. Tempos depois aconteceu a abertura de ruas para o público.
De acordo com o maestro das orquestras de Guarulhos, Emiliano Patarra, o cenário histórico, suas memórias e a beleza de um dos espaços públicos mais cativantes da cidade combinam com o trabalho realizado pelas orquestras no que diz respeito à busca constante para difundir o repertório clássico ao mesmo tempo em que faz grandes incursões em novas composições e intérpretes.
Um programa de ampla atividade orquestral torna-se cada vez mais incorporado à cidade à medida que as atividades sinfônicas ganham sede própria, a exemplo das filarmônicas de Viena e Berlim e da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp) cuja sede é a Sala São Paulo, que têm seus trabalhos engrandecidos por conta de seus locais de apresentação.
“Dotar as orquestras de Guarulhos de uma sede própria é assumir que elas precisam muito mais que um lugar físico, mas também um local que seja referência para o desenvolvimento de suas atividades”, pontua Patarra.
Para mais novidades sobre a Temporada 2022 das orquestras de Guarulhos acesse https://orquestrasdeguarulhos.com/.