Pesquisas feitas pela Universidade de Guarulhos, em 2008, apontaram que já existe ilha de calor em nossa cidade. A diferença da temperatura do centro de Guarulhos para a Serra da Cantareira chega a 10ºC.
Com a impermeabilização do solo, com os prédios e a pavimentação, a cidade vai virando um tipo de deserto, onde tudo contém areia e pedra, é baixa a infiltração da água no solo e existe pouca vegetação. Essas ilhas de calor vão tornando a cidade insuportável do ponto de vista da qualidade de vida.
A solução para isso, que foi discutida no Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura de São Paulo, na Comissão de Meio Ambiente, é fazer telhados verdes.
O telhado verde nasceu da ideia de se plantar grama ou plantas em uma cobertura plana. Isso já é feito em muitos países, principalmente na Alemanha, onde o assunto é fruto de pesquisas desde 1985. Tive oportunidade de conversar com o maior pesquisador daquele país, Dr. Valter Kolb, das universidades de Munique e de Hannover, que me mostrou o enorme sucesso do telhado verde.
Alguns países como Estados Unidos, Canadá, Hong Kong, Rússia e Tailândia plantam verduras e hortaliças nas coberturas de restaurantes (agricultura urbana). O empregado do restaurante sobe na laje (telhado verde) e faz a colheita para servir no restaurante. Para que isso ocorra, a poluição do ar não deve ser muito elevada.
Os espaços abertos e a presença do verde trazem benefícios psicológicos e constituem redutores do estresse humano, conforme Rubinstein (2007).
Costumam me questionar a respeito dos vazamentos na laje. A resposta é que, sob o aspecto técnico, a solução já foi encontrada. Conversei, certa vez, com a arquiteta Rosa Grená Kliass, que trabalhou junto com Dr. Jorge Wilhein, em 1968, no Plano Diretor de Guarulhos, e ela me disse que não há mais problemas técnicos. Ela mesma já fez vários telhados verdes, inclusive no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, em 1992.
No Brasil, em 1936, no prédio do Ministério da Educação (MEC) foi construída uma cobertura verde pelo paisagista paulista Roberto Burle Marx. Em 1988, executou a cobertura verde no Banco Safra, em São Paulo. Burle Marx foi, então, considerado o maior paisagista do mundo.
Pesquisas feitas em Bruxelas mostraram que se 10% dos edifícios tivessem telhados verdes, haveria uma redução do escoamento superficial (runoff) de 2,7% na região e, individualmente, nos edifícios, redução de 54%.
Os telhados verdes podem ser extensivos ou intensivos. Extensivos são aqueles que contêm um substrato menor que 150 mm e onde se plantam gramas. Intensivos são os telhados verdes com substrato maior que 150 mm e onde se plantam, além de gramas, vegetações com cerca de 1,50 m de altura.
Os telhados verdes intensivos podem ter declividade de até 45º, enquanto que nos intensivos o máximo é de 10º.
Além de melhorar o microclima, o telhado verde reduz as vazões de pico de enchentes e podem ser aliados à plantação de árvores ou à construção de reservatórios de detenção enterrados. Em áreas muito urbanizadas, devido ao custo, às vezes, o telhado verde é a única solução.
Em minha opinião, o telhado verde, para ser implantado em edifícios residenciais, comerciais e industriais precisa de um incentivo na redução do IPTU, além da divulgação técnica sobre o assunto e de pesquisas das melhores gramas e plantas que resistam ao vento e a grandes mudanças de temperatura.
Engenheiro Plínio Tomaz é superintendente-adjunto do Saae Guaruhos