Mil delegados do Partido Comunista de Cuba iniciaram neste sábado um congresso que busca desenhar o rumo do país em meio a desafios como a crise econômica e a reaproximação com os Estados Unidos. Este será o último encontro do partido que contará com a geração histórica da revolução à frente do governo, agora presidido por Raúl Castro, que anunciou que vai se retirar do cargo em 2018. O Sétimo Congresso do Partido Comunista de Cuba (PCC) acontece até quarta-feira. Os organizadores informaram que a idade média dos participantes é de 48 anos, sendo que 43% são mulheres e 36%, negros ou mulatos.
A reunião tem como base seis documentos que analisam o modelo econômico e social promovido pelo governo, mas nas últimas semanas, os militantes da base criticaram publicamente a falta de debate e conhecimento sobre esses textos, principalmente por causa da diferença com relação ao congresso anterior, realizado em 2011, quando os textos foram liberados mais cedo e analisados por meses em locais de trabalho e nos bairros.
Aquele encontro foi decisivo para a ilha. Significou o aval do Partido Comunista às reformas políticas implementadas por Raúl Castro desde 2010, que vão desde a abertura incipiente à iniciativa privada, a entrega de terras a particulares até a regulamentação de um mercado imobiliário, além de outras medidas que eram impensáveis nos anos anteriores, marcados por um modelo socialista de forte controle estatal centralizado. Raúl Castro, que sucedeu seu irmão Fidel em 2006, assegurou que as reformas serão apenas de ordem econômica e social, e que não haverá mudanças no modelo político e de um partido único.
Ao fim do congresso, é esperada a nomeação de um novo primeiro secretário, cargo ocupado atualmente por Raúl Castro, e de um segundo secretário, atualmente, José Ramón Machado Ventura, além dos membros do Comitê Central, do Departamento Político e do Secretariado.
Há um mês, o presidente dos Estados Unidos Barack Obama visitou Cuba, em um marco da reaproximação entre Washington e Havana, que teve início em 2014. Obama exigiu a Castro uma maior abertura de mercado e direitos humanos desde a visita, que inclui o pluripartidarismo e liberdade de imprensa. Fonte: Associated Press.