O ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, afirmou nesta segunda-feira, 9, que o vice-presidente Michel Temer (PMDB) participará das reuniões semanais da coordenação política do governo. Temer também é presidente nacional do PMDB, principal legenda aliada, mas estava afastado do núcleo de decisão do Palácio do Planalto, formado apenas por ministros petistas e apelidado de G-6.
“A sugestão é termos uma reunião semanal da coordenação político-institucional, do qual fará parte o vice-presidente e ministros de outros partidos”, declarou Mercadante, em coletiva de imprensa convocada para comentar o pronunciamento da presidente Dilma Rousseff de ontem. “Sempre que a matéria exigir, o ministro da pasta estará presente. Isso ajuda nas relações intragoverno, nas relações com o Congresso Nacional e com a sociedade”, afirmou. “Será uma experiência muito rica, que fortalece um governo de coalizão. E com a experiência dele (Temer) vai enriquecer muito essa agenda e essas iniciativas”.
A inclusão de Temer no núcleo político do Planalto foi uma condição imposta pelo PMDB, que entrou em rota de colisão com o governo nas últimas semanas e promete impor derrotas ao Executivo. Embora seja o vice de Dilma, Temer vinha sendo alijado das discussões. Nas duas últimas reuniões do núcleo político com Dilma, realizadas ontem e na última quinta-feira, 5, ele não foi chamado.
Dentista
O ministro comparou o ajuste fiscal com uma ida ao dentista. “Ninguém quer, mas de vez em quando tem que ir (ao dentista)”, disse, em coletiva de imprensa convocada para comentar o pronunciamento da presidente Dilma Rousseff neste domingo, 8, em rede nacional de rádio e televisão.
Na linha do que fez Dilma em seu discurso, Mercadante argumentou que o governo “esgotou” os instrumentos que vinha adotando para enfrentar o período mais agudo da crise econômica e que agora parte do sacrifício terá de ser dividido com a sociedade e que “correções” precisam ser feitas. Como exemplo, ele disse que diversos setores da economia foram desonerados, o que acarretou uma perda de receita de R$ 25 bilhões.
“Estamos buscando austeridade fiscal para ajudar a reequilibrar as finanças, manter a estabilidade (econômica) e poder voltar a crescer”, disse.
O Palácio do Planalto enfrenta forte resistência do Legislativo para levar adiante o ajuste. Na semana passada, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), devolveu uma Medida Provisória que visava aumentar as alíquotas de setores incluídos na desoneração da folha de pagamento e os parlamentares ameaçam derrubar um veto de Dilma que barrou um reajuste de 6,5% na tabela do imposto de renda.
Mercadante declarou que o ajuste precisa ser feito o quanto antes, mas minimizou os conflitos com o Congresso e afirmou que 80% das medidas que precisam ser adotadas dependem do governo. “Oitenta por cento do ajuste não depende do Congresso. Está sendo feito e será feito”, alegou. Apesar disso, o ministro disse que o Congresso nunca faltou ao País e que desta vez não deve ser diferente. “Por isso estamos insistindo da importância do Congresso Nacional, que nunca faltou ao País. Eu já fiz reuniões com o PMDB, com a bancada do PSD, com a bancada do PT e com os líderes. O que temos sentido é uma grande disposição de contribuir para o ajuste fiscal”, disse.