Na estratégia para tentar barrar a segunda denúncia por obstrução da Justiça e organização criminosa na Câmara, o presidente Michel Temer abriu nesta terça-feira, 3, o Palácio do Planalto e recebeu, de acordo com a última agenda oficial divulgada, 43 parlamentares. Nesta lista, porém, não constavam os políticos que foram ao palácio “de última hora” e não estavam relacionados, como Beto Mansur (PRB-SP).
Houve também deputados que constavam da agenda, mas disseram que não iriam ao Planalto, como os tucanos Shéridan (RR) e Nilson Leitão (MT). Em maratona de mais de 12 horas, o presidente se reuniu, conforme a agenda oficial, com 42 deputados federais e um senador. Ontem, a última audiência começou às 22h20. O presidente deixou o palácio às 23h45.
Logo cedo, diante das críticas aos compromissos “turbinados”, Temer usou as redes sociais para justificar a série de reuniões e rebateu a denúncia apresentada pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot. O presidente disse que o “diálogo é fundamental para a harmonia entres os Poderes” e afirmou que iria “conversar com representantes de todos os partidos da base, de todas as regiões do Brasil”, acrescentando que esta “é uma rotina” que sempre manteve.
Sobre a acusação formal da qual é alvo, criticou a denúncia. “Precisamos lidar com mais uma denúncia inepta e sem sentido, proposta por uma associação criminosa que quis parar o País. O Brasil não será pautado pela irresponsabilidade e falta de compromisso de alguém que se perdeu pelas próprias ambições”, escreveu Temer.
Apesar do número oficial, auxiliares do presidente diziam que estava difícil fazer a contagem das audiências por causa do “entra e sai” no gabinete. Em algumas agendas, deputados que estavam com Temer foram ao Congresso e depois voltaram ao palácio.
Dos parlamentares que estiveram no Planalto, 12 integram a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara – o colegiado vai votar parecer sobre a denúncia contra Temer.
Além dos encontros com Temer, pelo menos outros dez deputados estiveram no Planalto para conversar com ministros também para apresentar demandas, como foi o caso dos deputados Paes Landin (PTB-PI) e Walter Ihoshi (PSD-SP). Landin votou a favor de Temer na primeira denúncia e já avisou que repetirá o voto. Ihoshi também apoiou o presidente em agosto, na votação da primeira denúncia, mas agora disse que ainda vai analisar.
Desgaste
Interlocutores do presidente tentaram minimizar o desgaste em torno da declaração da deputada Shéridan, de que não tinha pedido nem sido convidada para reunião com o presidente, que não tinha nada para tratar com ele e que essa ampla agenda era uma tentativa explícita de angariar votos contra a nova denúncia.
A “maratona” repetiu a estratégia usada na primeira denúncia, quando Temer chegou a sair quase meia-noite do Planalto, depois de um dia inteiro recebendo deputados. Único parlamentar a confirmar que o presidente está conversando com deputados para se defender, “explicando pontos contraditórios da denúncia”, foi Beto Mansur, que integra a tropa de choque de Temer e está fazendo as contas dos votos para o governo na CCJ e no plenário da Câmara. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.