Estadão

Temor com juros dos EUA pesa e Ibovespa cai à mínima, na faixa dos 115 mil pontos

O Ibovespa começou outubro de maneira fragilizada, em sintonia com os mercado de ações da Europa e dos Estados Unidos. Até mesmo o petróleo no exterior passou a cair, pesando nas ações do setor na B3 e consequentemente no Índice Bovespa. Além do mais, a falta das negociações com minério de ferro em Dalian deixa o principal indicador da B3 sem catalisador. Os mercados chineses ficarão fechados por conta do feriado da Semana Dourada.

Na sexta-feira, o Ibovespa fechou com valorização de 0,72% (116.565,17 pontos), bem parecida com a obtida no encerramento de setembro, de 0,71%.

O quadro global permanece sendo de incerteza em relação aos juros, que podem ficar elevados por mais tempo do que o esperado, especialmente nos Estados Unido. Aliás, o acordo provisório do governo americano para evitar uma paralisação da máquina pública, no fim de semana, não empolgou os mercados.

Antes da divulgação do payroll na sexta, hoje os investidores ficarão atentos às palavras do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), Jerome Powell, e de outros dirigentes, na tentativa de encontrar pistas sobre até onde o juro irá.

No Brasil, começam a surgir debates de que o Comitê de Política Monetária (Copom) poderá reduzir o ritmo de queda da Selic, de meio ponto para 0,25 ponto porcentual. Nesta manhã, em evento na capital paulista, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em evento na capital paulista, chamou a atenção para a piora recente provocada pelo aumento dos preços de energia na inflação global. Assim, observou, a barra para corte de juros ficou mais alta no mundo.

Em meio a incertezas em relação à atividade e à inflação no mundo, Rodney Ribeiro, economista e assessor de investimentos na WIT Invest, ressalta que já há debates crescentes de uma Selic maior no ano que vem.

"Alguns colocavam em seus cenários projeção de Selic na casa de 9,00% no começo de 2024, com a taxa indo a 8,00% no fim do ano. Só que este cenário não está mais tão otimista. Há quem espere que a taxa de juros fique em dois dígitos em 2024", diz Ribeiro, acrescentando os sinais duros do Banco Central (BC) brasileiro recentemente. Atualmente, a Selic está em 12,75% ao ano.

Na mesma direção, o economista da WIT vê uma postura mais conservadora do Fed. "O mercado segue bem assustado com o tom do presidente do Fed ainda é duro, com a indicação de que quer reter a inflação, que não baixa como o esperado. Por outro lado, há o risco de uma recessão que, naturalmente fará com que o mundo sofra", avalia Ribeiro.

Ficam no radar ainda, esta semana, pautas econômicas importantes que poderão elevar a arrecadação e diminuir as incertezas dos agentes sobre a meta fiscal zero em 2024.

Por exemplo, entre amanhã e quarta, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que ainda não designou o novo relator do projeto que prevê a tributação dos fundos offshore e os chamados fundos exclusivos, deve votar a matéria.

Às 11h16, o Ibovespa caía 0,89%, aos 115.509,28 pontos, perto da mínima dos 115.477,57 pontos (-0,93%), após abrir aos 116.465,17 pontos, com variação zero, e máxima aos 116.672,30 pontos, em alta de 0,09%.

Entre as ações de primeira linha, Petrobras cedia 0,92% (PN) e -1,45% (ON). Vale ON recuava 0,99%.

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