Alto Representante da União Europeia (UE), Josep Borrell apontou uma série de impactos econômicos à Rússia pela invasão da Ucrânia. A autoridade disse ainda que o bloco europeu também deve aceitar "pagar um preço" para parar a guerra "ultrajante e não provocada". "O futuro de nossa segurança e nossas democracias dependem disso. O preço a se pagar é o preço da liberdade", escreveu em artigo divulgado pela União Europeia.
Borrell disse que efeitos significativos já estão sendo vistos na Europa, com preços de energia subindo e a tendência de que assim continuem. A guerra na Ucrânia seria o terceiro choque assimétrico nas duas últimas décadas, após a crise financeira global de 2008, seguida pela crise da zona do euro, e a pandemia da covid-19. "Um choque assimétrico é uma mudança repentina nas condições econômicas que afeta alguns países da UE mais do que outros", explica, "A guerra na Ucrânia está de fato tendo um impacto muito maior nos países vizinhos devido ao fluxo de refugiados e sua forte dependência do gás russo". A autoridade reforçou a necessidade de que países demonstrem solidariedade aos mais afetados e previna o enfraquecimento da União Europeia.
"Não é possível continuarmos a alimentar a máquina de guerra de Vladimir Putin com nossas importações de energia", afirmou. Ao fim de março, a Comissão Europeia irá apresentar um plano para assegurar oferta de energia durante o inverno local e, ao fim de maio, irá especificar os detalhes do plano <i>REPower EU</i>.
Borrell disse parecer necessário repensar o sistema de precificação de eletricidade no atacado. "As três formas de reduzir a nossa dependência da Rússia são a diversificação do abastecimento, a eficiência energética e a aceleração das energias renováveis".
Quanto às consequências para a Rússia, Borrell destacou que o rublo russo já perdeu metade de seu valor neste ano e que a inflação está subindo. A Bolsa de Moscou está fechada e diversas companhias internacionais, como Visa e Mastercard, deixaram o país. "A economia da Rússia deve encolher pelo menos 15% este ano. Enfraquecida e isolada, a Rússia corre o risco de se tornar muito dependente da China no futuro", ponderou.
Sobre gastos futuros, a autoridade europeia afirmou que a atual guerra levará os países do bloco a aumentar seus gastos em defesa. "Precisamos gastar mais, mas acima de tudo gastar melhor, ou seja, em conjunto", disse. Ele elogiou a Alemanha, que já anunciou medidas para elevar os investimentos no setor. "Com a invasão da Ucrânia, Vladimir Putin está nos forçando a repensar urgentemente muitos elementos de nossa organização interna e nossa visão de mundo", concluiu.