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Temporal deixa rastro de destruição por toda a cidade

Durante quatro horas de chuva foram registrados 118 mm de água, quase metade da média mensal de janeiro na cidade, 249,5 mm

O temporal que caiu em Guarulhos na noite desta segunda-feira e que invadiu a madrugada de ontem deixou marcas por toda a cidade. Avenidas centrais como Paulo Faccini, Tiradentes, além de bairros como Vila Galvão, Vila das Palmeiras ficaram embaixo dágua, enquanto na Vila São Rafael, no Cocaia e na Vila Rio desmoronamentos deixaram marcas da destruição. Cidade Seródio, Cumbica, São João, Pimentas e Vila Any também foram afetados. Não houve registro de vitimas fatais.

Durante quatro horas de chuva foram registrados 118 mm de água, quase metade da média mensal de janeiro na cidade, 249,5 mm, segundo a meteorologista Bianca Lobo, da Climatempo. O temporal deixou 11 bairros sem energia elétrica.

Centro – Na região central, a avenida Paulo Faccini foi tomada pelas águas e tornou-se um grande rio em plena madrugada. No cruzamento com a Tiradentes, os motoristas tiveram dificuldades para realizar a travessia.

Logo pela manhã, comerciantes retiravam a lama do interior das lojas. O empresário Ronaldo Silva Neto, 39, estava no Santo Taco, na Paulo Faccini, quando a chuva começou. "A água chegou até o primeiro degrau do estabelecimento. Já era 1h da manhã e a água não baixava", relata.

Em uma loja de móveis no início da Paulo Faccini, armários de madeira e de aço foram danificados pela água que invadiu o comércio. "Normalmente a água vem até a metade da calçada. Aqui não tem vazão, vira uma bacia", denuncia a comerciante Lúcia Marcolino, 51.

Próximo dali, na região da rua José Triglia, na Vila das Palmeiras, local onde recentemente a Prefeitura realizou uma série de obras, os moradores utilizavam parte da via para alocar móveis e eletrodomésticos perdidos com a enchente.

Na residência da dona de casa Bernadete Molina, 61, as águas chegaram a 1,70m de altura e os prejuízos atingiram dois veículos, geladeira, fogão, cadeiras, almofadas e dois sofás. "Entrou pelo vitrô. Normalmente eu tiro os carros quando chove, mas veio tão rápido que não deu tempo", conta.

Segundo Bernadete, a Prefeitura levantou o nível da rua e asfaltaram, mas não resolveu. "Há três bocas pequenas para escoar essa água toda, não tem como", lamenta. A dona de casa Rosângela Alves, 40, perdeu móveis pela terceira vez e nem uma comporta segurou a enchente. A avenida Tancredo Neves, próxima ao Open Hall, amanheceu com crostas de lama e dezenas de funcionários da Proguaru fazendo limpeza.

 Na avenida Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, o Anel Viário, um desmoronamento na altura do n° 400 fez com que a terra invadisse uma das três pistas. No Lago dos Patos, a água amanheceu amarronzada. Local "tradicional" de enchentes, a avenida Francisco Conde, conhecida como 20 metros, tinha crateras por toda a sua extensão. Era possível avistar pedaços de mais de um metro de asfalto espalhados pela via, levados pelas águas. Em volta de um bueiro, o asfalto ergueu formando grandes ondulações na pista.

O comerciante Alfredo Pinto, 55, afirma que teve que cancelar entregas. "Normalmente as enchentes só trazem sujeira, dessa vez entrou 20 centímetros na pizzaria. Quando comprei aqui, há quatro anos, diziam que o projeto de melhorias já estava pronto, mas até hoje não fizeram nada", critica.

Deslizamentos ocorreram na Vila Rio, na São Rafael e na Brigadeiro Faria Lima

Na região da Vila Rio, toneladas de terra se soltaram de um barranco e levaram junto um muro, invadindo a pista da avenida Salgado Filho. Próximo dali, na Benjamin Harris Hunnicutt, um desmoronamento atingiu seis partes de um barranco no cemitério Necrópole do Campo Santo.

O mesmo aconteceu na avenida Brigadeiro Faria Lima, altura do n° 2.353. Um barranco cedeu e parte de uma casa ficou pendurada no topo do morro. Mesmo assim, a reportagem avistou pessoas dentro da residência.

A Vila São Rafael também contabilizou os estragos da chuva. Cinco desabamentos foram confirmados pela Defesa Civil, que orientou os moradores da comunidade para irem a um alojamento, prontamente recusado pelos mesmos. "É muito difícil, mas quem quer deixar suas casas para morar em um alojamento?", questiona a dona de casa, Selma de Moraes, 34.

Energia – Segundo a concessionária de energia elétrica, a EDP Bandeirante, 11 bairros foram afetados por quedas de energia na noite de segunda-feira. Parque Primavera, Taboão, Parque Mikail, Jardim São Domingos, Bom Clima, Jardim América, Jardim Bela Vista, Jardim Monte Carmelo, Jardim Macedo, Vila Barros e Vila Fl órida ficaram sem luz, mas a situação já foi normalizada. 

Defesa Civil – Em nota oficial, a Defesa Civil de Guarulhos confirmou outros oito desabamentos no Parque Mikail e quatro no Sítio dos Morros. Na manhã de ontem, engenheiros já iniciaram o trabalho de vistoria para avaliar riscos de quedas em outras edificações.

Na Vila Any o rio Tietê transbordou e entrou nas casas, unindo-se ao lago que fica do outro lado da várzea.

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