Opinião

Tempos difíceis em Brasília

O inferno astral que vive o governo federal parece não ter fim. Se não bastassem as quedas de dois importantes ministros, ligados diretamente ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em pouco mais de seis meses, a presidente Dilma Roussef ainda convive com uma série de ameças, que – a cada dia – tomam um corpo até pouco tempo até inimaginável. A agenda do Congresso Nacional, desta semana, por exemplo, reserva uma série de problemas ao Planalto.


Os depoimentos do diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (Dnit), Luiz Antonio Pagot, previstos para esta terça-feira no Senado e quarta-feira na Câmara, estão longe de serem o único problema que o governo Dilma Rousseff terá de administrar esta semana, antes do início do recesso parlamentar. Caso Pagot confirme as ameaças, reveladas por representantes do PR, de vincular o ex-ministro do Planejamento e atual titular das Comunicações, o petista Paulo Bernardo, ao suposto esquema de superfaturamento de obras no Ministério dos Transportes, o Planalto deverá ter dificuldades para barrar a instalação da CPI do Dnit. Pior: mais um importante nome de primeiro escalão ficará na berlinda, levando consigo a nova ministra da Casa Civil, a substituta de Palocci, sua esoposa Gleisi Hoffmann.


As articulações para a criação dessa CPI haviam perdido força com a demissão do ministro Alfredo Nascimento; mas já teriam sido coletadas as assinaturas de 24 senadores, três a menos do que as 27 necessárias. Ou seja, novas nuvens negras ameaçam a tranquilidade de Dilma e voltam a ameaçar sua governabilidade. Pior que tudo isso ocorre cedo demais. Afinal, não são nem sete meses de mandato.


Se não bastasse essa preocupação dupla, o governo ainda terá de administrar outras ameaças, também vindas de sua base: uma de ressuscitar o escândalo dos aloprados e outra de apoiar a criação de uma CPI do BNDES, que já contaria com 20 assinaturas e tira o sono do Planalto.


Junte-se a isso tudo a decisão do procurador-geral da União, Roberto Gurgel, de manter a acusação de 36 entre os 40 acusados no escândalo do Mensalão. Entre eles, nomes importantes para o PT de Dilma, como o ex-ministro José Dirceu, que retomou parte de seu espaço político justamente após a eleição dela para a Presidência.

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