A ex-senadora Marina Silva, candidata à Presidência da República pelo PSB, parece não ter sabido fazer jus aos dados empíricos do quadro eleitoral, que logo após a morte do então candidato do partido Eduardo Campos, lhe deram expressiva vantagem em relação a seus oponentes. A avaliação é do cientista político da Tendências Consultoria Integrada, Rafael Cortez. Para ele, agora que a ex-senadora foi exposta ao debate de ideias e ao processo de desconstrução que o PT a submeteu, Marina parece ter estacionado nas intenção de votos.
É o que mostra a pesquisa CNI/Ibope, divulgada nesta sexta-feira, 12, segundo qual a candidata à reeleição Dilma Rousseff oscilou de 37% para 39% das intenções de votos; Marina Silva foi de 33% para 31% e Aécio Neves, candidato do PSDB, estacionou nos 15%. “O que esta pesquisa mostra é que o quadro eleitoral se tornou mais competitivo e passou a descartar a ideia de que a eleição de Marina estava dada como certa”, disse Cortez ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado.
Para o cientista político, a pesquisa mostra o processo de normalização do quadro eleitoral e da própria candidata do PSB. “No começo, Marina estava como que quase uma candidata à parte”, disse o analista. Para ele, naquele momento em que as atenções se voltavam para a trágica morte de Eduardo Campos e em que Marina ainda não tinha sido convocada a expor suas ideias, o PT não encontrava uma brecha para desconstruir a candidatura da ex-senadora.
Naquele momento, segundo Cortez, ninguém sabia bem o que Marina pensava a não ser ver nela a corporificação de uma ensejada mudança na política. Isso somado à comoção gerada pela morte do ex-governador de Pernambuco, rendeu à candidata socialista. Depois de passado o impacto inicial da morte de Campos e Marina sendo obrigada a sair para o debate, mostrar suas ideias e programa de governo, segundo Cortez, ela acabou mostrando que sua plataforma de governo não difere muito da do tucano Aécio Neves.
Em alguns aspecto do programa econômico de Marina, avalia o cientista político, Marina se mostra até mais ortodoxa do que Aécio. Isso pode ser visto, por exemplo, no tocante à independência do Banco Central. Marina defende independência formal do BC, enquanto Aécio defende autonomia e Dilma se diz contra liberdade de atuação da autarquia, chamando para si a responsabilidade de definir a política monetária. “A verdade é que o PT encontrou promover a polarização com a Marina”, disse Cortez.
Outra coisa que pesa muito contra a oposição e dificulta seu trabalho, em especial em relação à Dilma Rousseff, segundo o cientista, é em 2010, por exemplo, não houve um quadro em que os candidatos tinham que se apresentar e convencer o eleitor. Nesse ano, os candidatos de oposição estão tendo de se apresentar e convencer o eleitor de que fará um governo melhor. Do lado da situação, Dilma só tem de mostrar que continuará a fazer o que faz até agora.
“A oposição só tem discursos para oferecer. Já a situação tem dados concretos. Podem estarem bem, mas não configuram ainda um cenário de recessão econômica. Por isso, esse quadro de eleição muito competitivo”, concluiu.