A mãe de John Krasinski explicou para leigos o sucesso de Jack Ryan, que acaba de disponibilizar sua terceira temporada no Prime Video: "Me dê uns personagens bacanas e me leve para lugares onde nunca estive e eu embarco". A série baseada nos romances de Tom Clancy já tinha rendido filmes estrelados por Alec Baldwin, Harrison Ford, Ben Affleck e Chris Pine no papel do analista da CIA que sai de uma função de escritório para o campo, vivendo aventuras mundo afora.
A primeira temporada foi rodada em Washington D.C., Maryland, Virginia, Quebec, Londres, Paris e Marrocos, que serviu de dublê para países islâmicos diversos. Na segunda, a Colômbia foi usada como Venezuela, e o elenco ainda foi para Moscou e Nova York. A terceira foi ainda mais <i>globe-trotter</i>, visitando República Checa, Hungria, Áustria, Grécia, Eslováquia, Ilhas Canárias, Itália.
A pandemia atrapalhou um tanto a terceira temporada – a segunda estreou em outubro de 2019. "Nós caprichamos muito, queríamos que fosse a maior temporada, com uma trama mais complexa, para que o público tivesse uma experiência que valesse a pena", disse Krasinski em entrevista ao Estadão, por videoconferência.
Mas essa demora não foi de todo ruim, na opinião do ator. "Muita gente que não tinha tido a oportunidade de assistir a Jack Ryan conseguiu ver. Muitos viraram fãs agora." Tanto que Krasinski, famoso por The Office, foi mais reconhecido do que nunca por Jack Ryan – e cobrado também. "Havia uma necessidade desesperada da nossa volta, também como resultado de tanta espera."
Desta vez, Jack Ryan se vê às voltas com a informação que aponta para a reativação de um programa soviético chamado Sokol. Saem os países islâmicos e a Venezuela, e volta a Rússia – quem mais? – como antagonista. Não que a série esteja preocupada com mensagens políticas, já que sua missão é divertir. Mas a escolha está alinhada com o que acontece no momento. Ryan tem, no entanto, convencer a chefe Elizabeth Wright (Betty Gabriel) a investir nas informações recebidas. Enquanto isso, a presidente da República Checa, Alena Kovac (a sempre excelente Nina Hoss), precisa lidar com as pressões do Kremlin, preocupado com a instalação de mísseis da Otan no país vizinho.
"É muito legal ver duas mulheres em posições de poder", disse Hoss ao <i>Estadão</i>. "No caso de Alena, é muito interessante como ela reage a tudo o que acontece ao seu redor, ficando calma e tranquila enquanto tenta proteger seu povo e também evitar um conflito de escala mundial. Só posso imaginar como é a realidade de um líder de um país relativamente pequeno nessa situação. Mas ela confia no seu taco."
A atriz alemã gosta especialmente de como sua personagem surpreende os homens à sua volta, que tentam intimidá-la. "Ela simplesmente mostra que sabe do que está falando e é muito habilidosa na hora de apresentar esses fatos. A verdade é que, nós, mulheres temos de ser inteligentes e estar sempre um passo adiante deles."
Para Betty Gabriel, ver mulheres – e mulheres não brancas, como ela – nesses papéis é muito inspirador. "Histórias importam. Elas ajudam a criar consciência de que é possível ter mais mulheres em posições de poder no mundo real. Não precisamos ter medo. Somos tão capazes, se não mais."