O coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Helano Borges Dias, reconheceu nesta segunda-feira, 29, que o Tesouro Nacional emitiu neste ano mais títulos remunerados pela Selic, as LFTs, do que o esperado inicialmente pelo órgão. Apesar disso, ele reiterou que o quadro contribui para melhora de alguns indicadores, como o próprio prazo da dívida.
Mesmo com o alto volume de LFTs, Dias avaliou que o Tesouro tem feito emissões dentro do planejado. Ele reforçou que o órgão procura manter um volume de emissão necessário para garantir a necessidade de financiamento da dívida sem gerar pressões adicionais no mercado. "Na verdade, direcionamos nossas emissões para os títulos os quais os investidores demonstraram maior apetite", disse, em referência aos papéis atrelados à Selic. Segundo ele, a concentração em LFT se explica, sobretudo, pelo cenário econômico mais incerto e mudanças tributárias que afetaram o mercado de NTN-B.
O coordenador-geral voltou a dizer que em agosto o Tesouro vai avaliar a possibilidade de revisão dos parâmetros definidos no Plano Anual de Financiamento (PAF) ou seja, se manterá a expectativa inicial em relação à estratégia de gestão da dívida pública federal (DPF) e à demanda dos investidores no mercado de títulos públicos.
"O que a gente tem se planejado é para cumprir o PAF. Temos andado dentro da baliza da maior parte dos indicadores. Evidentemente o cenário mudou muito ao longo do ano, o PAF é feito em cima de um conjunto de premissas, e de uma maneira geral o mercado foi surpreendido principalmente por causa da condução da política monetária", disse, em referência à mudança na expectativa de corte de juros nos Estados Unidos.
<b>Participação dos investidores não residentes </b>
O coordenador-geral de Operações da Dívida Pública explicou que o aumento na participação dos investidores não residentes no total da Dívida Pública brasileira em junho explica uma certa divergência de apetite ao risco do investidor doméstico e estrangeiro. Os fundamentos econômicos do Brasil, segundo ele, trazem segurança para os não residentes.
Dias destacou que, mesmo em um ambiente de elevação na curva de juros doméstica, houve uma alta na participação de estrangeiros na dívida pública. "Os fundamentos da economia brasileira como um todo se mostram consistentes, a gente tem uma inflação baixa, a gente tem um fiscal sinalizando uma consolidação fiscal, temos indicadores de balanço de pagamento bastante saudáveis. Então, a gente tem um conjunto de fundamentos econômicos que trazem essa percepção de segurança para investidor não residente", explicou Dias.
De acordo com dados divulgados há pouco pelo Tesouro Nacional, a parcela dos investidores não residentes no Brasil no estoque da Dívida Pública Mobiliária Federal interna (DPMFi) passou de 9,76% em maio para 10,03% no mês passado.