Há mais de uma década, no já distante ano de 2004, quatro jovens britânicos estouraram nas paradas de sucesso com um rock promissor. Batidas fáceis, riffs curtos e um “tuturu” enjoado de Always Where I Need to Be, maior hit da banda, foram exaustivamente tocados pelos quatro cantos do mundo. Sem muita firula, o quarteto alcançou o topo das paradas de sucesso. Inside In/Inside Out (2006), primeiro trabalho de estúdio dos ingleses do The Kooks, era mais um daqueles projetos que já nascia com o rótulo de “vamos salvar o rock”. “A gente sempre quis se divertir. Música, para nós, é entretenimento. Nossa energia ainda é a mesma. Nunca tivemos a pretensão de salvar nada e acho que todo mundo já ganhou esse título aí um dia”, diz o extrovertido Pete Denton, baixista do The Kooks, em entrevista por telefone.
Dos anos 2000 para cá, muitas foram as tentativas frustradas de “salvar o rock”. The Strokes, Libertines, The Hives e Arctic Monkeys. Todos atingiram o estrelato e, pouco tempo depois, diante de sonoridades mais ousadas, caíram em desgraça.
O The Kooks, que se apresenta neste sábado, 12, em São Paulo, no Espaço das Américas, também teve seu momento suprassumo. Até meados de 2008, a banda era uma das queridinhas do público e estava presente em grandes festivais do mundo. “O rock de hoje não é o mesmo do que fazíamos antes. E o de amanhã será diferente do feito por nós no início dos anos 2000. Todos têm seu valor. E nós não podemos apontar o dedo na cara de ninguém e dizer o que está errado. Não há regras para nada”, afirma Pete.
Depois do estouro dos dois primeiros álbuns, Inside In/Inside Out (2006) e Konk (2008), a banda caiu no esquecimento. O limbo veio com força em Listen (2014), quarto trabalho de estúdio da banda. Luke Pritchard (guitarra e vocal), Hugh Harris (guitarra), Alexis Nuñez (bateria) e o próprio Pete Denton (baixo) passaram a incorporar elementos do jazz, do gospel e do R&B em suas composições. Não deu certo. Fiasco total. “O rock de hoje em dia tem, de fato, menos guitarra. Isso, no entanto, não o deixa com menos atitude. Acho que o rock deixou de ser menos conservador e ficou um pouco mais aberto a outras possibilidades sonoras. Foi isso que tentamos fazer em Listen”, complementa Pete.
O Brasil não é novidade na carreira do The Kooks. A primeira passagem da banda pela capital paulista foi em 2009. Três anos depois, em 2012, voltaram ao País para se apresentar em São Paulo (de novo) e também no Rio de Janeiro. Em 2015 repetiram a dose e, em 2016, foram atrações do Lollapalooza Brasil. “Vocês são quentes”, diz Pete.
Novos rumos
O último trabalho da banda saiu no ano passado. The Best Of… So Far traz os maiores sucessos do grupo, além de duas canções inéditas: Be Who You Are e Broken Vow. Ambas resgatam a essência daquele conjunto enérgico que encantou o mundo no início dos anos 2000. “Essas músicas costumam funcionar bem ao vivo. Be Who You Are e Broken Vow são a essência do que costumávamos fazer nos palcos. Elas até parecem um pouco velhas, sabe? Há 6 meses trabalhamos num novo disco e parece que elas foram gravadas há um bom tempo”, completa Pete, que afirma que o próximo trabalho virá com força total: “Quem sabe dessa vez salvamos o rock”, ironiza o baixista.
THE KOOKS
Espaço das Américas. Rua
Tagipuru, 795; tel.: 3864-5566.
Sáb. (12), às 22h.
Ingressos: de R$ 200 a R$ 340
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.