A revista <i>The Lancet</i>, especializada em pesquisas médicas e científicas, emitiu nesta terça-feira, 2, um "manifesto de preocupação" a respeito do estudo divulgado em 22 de maio, sobre os supostos efeitos da cloroquina e da hidroxocloroquina em pacientes com o novo coronavírus.
O estudo em questão está atualmente sob auditoria patrocinada por seus próprios autores, de acordo com a <i>The Lancet</i>, e foi o responsável por levar a Organização Mundial da Saúde (OMS) a interromper ensaios clínicos com cloroquina e hidroxicloroquina. Na conclusão, a pesquisa afirmava que, mesmo combinadas com antibióticos, as substâncias não só eram ineficazes contra o coronavírus, mas também podiam aumentar a taxa de mortalidade nos pacientes de covid-19 em até 45%.
O estudo baseou-se em dados de mais de 96.000 pacientes internados entre dezembro e abril deste ano em 671 hospitais em todo o mundo, comparando a evolução daqueles que receberam esse tratamento e dos que não receberam. Embora grande parte da comunidade científica duvide da eficácia da cloroquina, dezenas de especialistas expressaram sua "preocupação" com a metodologia utilizada no trabalho em uma carta aberta, com base em informações compiladas pela Surgisphere, empresa de análise de dados em saúde com sede nos Estados Unidos.
Por seu lado, os autores, liderados por Mandeep Mehra, diretor executivo do Centro de Doenças Cardíacas Avançadas do Hospital Brigham and Women, em Boston (EUA), defendem os resultados. "Estamos orgulhosos de contribuir para o trabalho na covid-19" neste período de "incerteza", disse Sapan Desai, diretor do Surgisphere, no último dia 29.
O presidente dos EUA, Donald Trump, já alegou tomar o medicamento de forma preventiva contra a covid-19, enquanto Jair Bolsonaro defende o uso da medicação e o Ministério da Saúde passou a recomendar o uso para pacientes em todas as fases do contágio pelo coronavírus.