O primeiro sábado das últimas quatro edições dos Jogos Olímpicos foram vividos intensamente pelo nadador Thiago Pereira. Em Atenas-2004, então com 18 anos, abria a competição de natação disputando os 400 metros medley. Mesma rotina seguida em Pequim-2008, Londres-2012, quando conquistou a prata vencendo o americano Michael Phelps, e Rio-2016. Agora em Tóquio-2020, vive uma nova disputa, agora fora da piscina.
Thiago Pereira já está em Tóquio como representante brasileiro na eleição que definirá os quatro novos integrantes da Comissão de Atletas do Comitê Olímpico Internacional (COI). O nadador faz parte da Comissão de Atletas da Federação Internacional de Natação (Fina) e já integrou a Comissão de Atletas do Comitê Olímpico do Brasil (COB). Agora tenta alcançar a entidade máxima do esporte olímpico mundial como representante dos atletas brasileiros.
"Desde que estabeleceu a Agenda 2020, o COI vem dando mais espaço para os atletas. A minha participação é um incentivo para que sempre tenha um representante brasileiro na Comissão de Atletas do COI. Precisamos criar esse movimento, que os atletas brasileiros já saibam da importância de participar da votação e queriam sempre ser representados na Comissão do COI", disse o ex-nadador. "A Comissão de Atletas do COI realmente impõe muitas coisas, ela realmente olha para o lado do atleta. É importante termos representatividade".
A Comissão de Atletas do COI possui 23 membros, cujos mandatos têm duração de oito anos. Quatro deles são eleitos a cada edição dos Jogos Olímpicos de Verão, enquanto que dois novos membros passam a fazer parte do órgão logo após a Olimpíada de Inverno.
A votação está acontecendo na principal Vila Olímpica dos Jogos de Tóquio-2020 e outras Vilas satélites até o dia 4 de agosto. A principal área de votação é o Espaço Athlete 365, em frente ao refeitório.
Caso seja eleito, esta não será a primeira experiência do nadador brasileiro em uma Comissão de Atletas. Além de integrar a Comissão do COB desde 2009 até 2020 e da Fina desde 2013, Thiago Pereira passou a ocupar a mesma função na União Americana de Natação (UANA) e, entre 2015 e 2019, foi membro da Comissão da Panam Sports.
Com toda essa experiência, Thiago Pereira mostra muita consciência no papel que o atleta pode ter na condução das políticas esportivas. "Ao mesmo tempo que ganha espaço, o atleta começa a ganhar mais responsabilidades. A partir do momento que você participa das decisões, você passa a ter uma responsabilidade ainda maior", disse.
Além da prata olímpica, Thiago Pereira é o maior medalhista da história dos Jogos Pan-Americanos, com 23 medalhas (15 ouros, quatro pratas e quatro bronzes). Tem também sete medalhas em Mundiais de Natação: quatro em piscina curta e três em piscina longa.
Thiago Pereira não está sofrendo por não abrir mais o programa olímpico da natação. "Hoje é um dia especial pra mim. Passa um filme e boas lembranças desde Atenas, quando tudo começou. Mas estou confortável na minha posição agora. Não é só o dia da prova que conta, é toda a preparação com muito sacrifício para chegar até ali", afirmou. "Está sendo um baita aprendizado pra mim estar desse lado agora. Não estou nadando, mas estou contando como a minha quinta Olimpíada, quando trago todo o aprendizado da minha carreira de atleta".