Na última prova do último dia de competição da natação, Thiago Pereira atingiu a meta que traçou para Toronto e se tornou o maior medalhista da história dos Jogos Pan-Americanos com 23 – uma a mais do que o ex-ginasta cubano Erick López. O ouro no revezamento 4×100 medley, (pouco antes havia sido prata nos 200 m medley, atrás de Henrique Rodrigues) coroou uma trajetória que começou no Pan de 2003 em Santo Domingo. “O recorde não é só meu, é de todo o Brasil”, disse o nadador, que ganhou duas medalhas de ouro em Toronto, ambas sem nadar a final, apenas as burocráticas eliminatórias.
Por não ter nadado a final do revezamento 4x100m medley (ajudou a equipe a se classificar pela manhã, razão pela qual teve direito à medalha), ele não subiu no pódio. Mas a organização do Pan o homenageou colocando-o sozinho no degrau mais alto e informando ao público que aquele era o recordista de medalhas do evento. Depois que pendurou o ouro no pescoço, ele foi cercado por toda a equipe brasileira – que apareceu para celebrar sua conquista. “Foi muito especial para mim ter recebido a medalha cercado por meus companheiros. Como já falei, o recorde não é só meu.”
Para atingir o seu objetivo, Thiago Pereira abriu mão de nadar duas provas para as quais estava inscrito para poder descansar mais. E ainda teve de superar o baque da desclassificação nos 400m medley, que havia vencido – resultado que o deixaria naquele momento com 22 medalhas, ao lado de Erick López.
“Eu tinha de voltar para dentro de mim, não podia deixar que aquilo me abalasse. E também não tem muito o que choramingar, aconteceu, vamos levantar a cabeça e vamos para a próxima. O dia passou e não tinha mais o que eu pudesse fazer. Aproveitei para descansar e vim para hoje (sábado) com tudo.”
Segundo ele, o apoio da equipe e dos torcedores foi fundamental para reanimá-lo. “Recebi muitas mensagens, e agradeço de coração a todos. Os recordes e as medalhas passam, mas o carinho que recebi depois da desclassificação vou guardar para sempre.”
Thiago falou das 23 medalhas que conquistou, destacando a importância de cada uma. “A primeira, em 2003, quando eu tinha 17 anos, foi o começo de tudo. Os Jogos no Rio foram um momento único para mim, e as oito que ganhei em Guadalajara acenderam a esperança de que eu pudesse me tornar o recordista aqui em Toronto.”
Aos 29 anos, Thiago evita projetar uma nova participação nos Jogos Pan-Americanos. Ele está com foco no Mundial de Kazan (Rússia), daqui a duas semanas, e na Olimpíada do Rio, o próximo ano. Mas não descarta buscar novas marcas no Pan de Lima, em 2019, quando poderá aumentar a vantagem na liderança do ranking de medalhas. “Enquanto estiver me sentindo feliz fazendo isso não tenho motivo para querer parar.”
Em Kazan, ele espera nadar melhor do que nadou em Toronto. “Neste Pan não consegui nadar tão rápido como eu queria em algumas provas, mas no Mundial pretendo melhorar.”