Em 2019, o empresário Caito Maia abriu a primeira ótica da Chilli Beans dedicada apenas aos óculos de grau, depois de 24 anos atuando principalmente com modelos para sol. No início da pandemia, a nova empreitada contabilizava sete pontos de venda. A crise, porém, impulsionou o segmento, e 83 novas unidades foram abertas desde então. O crescimento foi na contramão do varejo, que eliminou 75,2 mil estabelecimentos em 2020, e a expectativa é de que a ótica fature R$ 75 milhões este ano. A Chilli Beans, como um todo, tem receita de R$ 600 milhões.
O investimento na expansão para a categoria de grau já era um plano, mas foi potencializado e antecipado pela mudança de comportamento dos clientes. Isoladas em casa, as pessoas passam mais tempo em frente às telas, seja para trabalho, estudo ou lazer. Os resultados foram o aumento dos problemas de visão e a consequente necessidade de usar lentes corretivas. "Antes da pandemia, 20% das vendas eram de óculos de grau. Quando as lojas começaram a reabrir, teve um fenômeno e chegamos a 50% das vendas", diz Caito Maia, fundador da Chilli Beans.
Para ampliar a aposta nos óculos de grau, uma loja conceito da Ótica Chilli Beans foi inaugurada na rua Oscar Freire, em São Paulo. Uma das vantagens do novo segmento, de acordo com a empresa, é o tíquete médio das compras – de R$ 892, ante R$ 292 no modelo tradicional da marca.
Além disso, a companhia também tem atraído um novo público, de acordo com Maia. Ele afirma que 84% dos clientes da ótica nunca haviam comprado na Chilli Beans. A ideia é de que, no ano que vem, seja criado um laboratório próprio que produza lentes para toda a rede – hoje, o trabalho é terceirizado.
<b>Migração</b>
Segundo o fundador da Chilli Beans, 83% dos franqueados têm intenção de trabalhar com o novo produto e há prioridade para quem já é da casa. A previsão é de que a Óticas Chilli Beans esteja em todos os Estados brasileiros até o fim do ano, com a criação de quiosques que também marcam a operação tradicional. A prioridade nas aberturas será dada aos atuais parceiros da rede.
Questionado se faz sentido ter quiosques para venda de óculos de grau, que é uma escolha mais demorada e detalhada, Maia afirma ser "totalmente viável". Uma pesquisa com os consumidores da marca mostrou que eles necessitam se sentar para fechar a venda, e esse será o diferencial. "A pessoa vai poder ficar em volta do quiosque, escolhendo, depois leva para uma mesa, com privacidade, e escolhe a lente", explica.
Para o empresário, é esse tipo de experiência que faz valer a pena o investimento, mesmo depois do fim da pandemia acabar. O valor agregado é o que conta no varejo físico. "A gente está crescendo este ano 50% em comparação com o ano passado; em julho, crescemos 15% em relação a 2019 (antes dos efeitos da pandemia)."
<b>Olho nas sinergias</b>
Na visão de David Kallás, professor de estratégia e coordenador dos cursos de pós-graduação da escola de negócios Insper, a diversificação de produtos costuma funcionar para itens análogos. É o que está fazendo a Chilli Beans no momento, ao aproveitar uma clara sinergia com seu produto tradicional. "A partir de determinado momento em que está consolidado, vale a pena ver outros produtos relacionados", afirma Kallas.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>