O convite ao vereador Ticiano (PSD) para assumir a Secretaria Municipal de Esportes feito pelo prefeito Lucas Sanches (PL) pode ter várias leituras. Conforme antecipado por esta coluna na semana passada, isso faz parte do jogo político. E como em todo jogo, alguns ganham e outros perdem. Dificilmente o empate é um resultado esperado. Apesar de ser motivo de orgulho para Ticiano, ele precisa avaliar seu futuro político, analisando seu passado, suas ligações políticas e partidárias, até para não enxergar ali na frente que o motivo de “festa” neste momento pode lhe custar caro logo em breve. A pasta de Esportes não conta com muitos recursos financeiros, mas tem grande importância por ser um importante elo de ligação da administração com a população.
Secretaria de resultados
A seu favor, Ticiano tem equipamentos próximos de serem entregues, como o ginásio Thomeozão, reformado e praticamente concluído na gestão passada, mas que ainda permanece fechado. O Fioravante Iervolino também já contava com recursos aprovados para uma completa revitalização, que já estava em curso. Já o festejado programa Gramadão, anunciado com pompa por Lucas, não decolou. Apenas inaugurou dois campos com grama sintética, que já estavam prontos na gestão anterior. Um no Jurema e outro agora no Cecap. O atual prefeito não fez praticamente nada, a não ser descerrar as placas de inauguração e fazer vídeos para as redes sociais. O próximo no João do Pulo está sendo feito pela Sabesp.
Engavetando projetos eleitorais
Pelo lado político, Ticiano, o segundo vereador mais bem votado de Guarulhos no ano passado, pode ter em um primeiro momento seus anseios engavetados. Uma possível candidatura a deputado estadual em 2026 pode naufragar, já que ele ainda é filiado ao PSD do ex-prefeito Guti. Dificilmente teria legenda estando na equipe de Lucas. Ao mesmo tempo, o atual chefe do Executivo tira da disputa um nome de peso e pode usá-lo como cabo eleitoral para algum nome que apadrinhe, ou mesmo para atrapalhar possíveis desafetos. Afinal, ninguém pode desprezar o potencial eleitoral da equipe de Ticiano, estando ele na disputa ou não.
Reforço à base
Para completar, a ascensão de Ticiano a secretário leva mais um peso-pesado da política guarulhense para os braços de Lucas, comprovando que o jogo tem regras que passam longe de qualquer lógica palatável aos simples mortais. Outro desafeto do atual prefeito no ano passado, Romildo Santos, que ficou com a primeira suplência do PSD, apesar da boa votação no ano passado quando trabalhou contra Lucas pela Prefeitura, vai finalmente assumir uma vaga na Câmara e compor a já dominante bancada do Governo.
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Entre muita coisa que foi dita após a operação da Polícia Civil, que envolve servidores da Prefeitura de Guarulhos, percebe-se que a velha máxima “fala demais por não ter nada a dizer” prosperou entre as mais diferentes fontes. Lucas Sanches tentou tirar qualquer responsabilidade dele das ações, dizendo até que foi o responsável por descobrir os desvios, o que não é verdade. Blogueiros e alguns que se dizem jornalistas tentaram jogar a responsabilidade para prefeitos anteriores, ignorando que foi o ex-prefeito Guti que deu o pontapé inicial para que as investigações começassem, isso há dois anos e meio.
Só abriu o portão
Mas uma das melhores publicações partiu da vereadora do PT, Fernanda Curti, que foi direta ao ponto, mostrando que Lucas não teve qualquer participação nas investigações. Apenas aparece na cena para abrir o portão da Prefeitura para a polícia entrar. Afinal, tudo que foi apurado até aqui não teve a participação direta do atual chefe do Bom Clima. Aproveitou apenas para jogar para a torcida e tentar tirar qualquer responsabilidade de sua gestão. Nestes sete meses no cargo, não moveu uma palha sequer para acabar com o esquema.
