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Tiktokers, autores estreantes e mulheres marcam edição da Bienal do Livro de SP

A Bienal Internacional do Livro de São Paulo, encerrada no domingo, 10, foi um sucesso de público. Ao longo de dez dias de programação intensa, passaram pelo espaço do Expo Center Norte nomes consagrados da literatura brasileira, como Pedro Bandeira e Conceição Evaristo a escritores que têm se popularizado nos últimos anos, como Itamar Vieira Júnior, autor do best-seller Torto Arado, título mais vendido da editora Todavia, que comercializou mais de 5 mil livros do catálogo – a segunda posição também foi conquistada pelo baiano, com os contos de Doramar ou a Odisseia.

Com filas imensas e lotação, esta edição foi dos novos autores, nomes desconhecidos do público leitor mais tradicional, como os jovens que lotaram a pracinha do estande da Skeelo na tarde de sábado, 9, para falar sobre representatividade na literatura, como Pedro Poeira, Vinicius Grossos, Julia Braga, Aimée Oliveira e Tiago Valente (que, só no TikTok, coleciona mais de 350 mil seguidores).

Marcada pela diversidade, com uma nova safra de autores LGBT+, mulheres e negros na programação, a Bienal apostou em convidados internacionais importantes, como a ganhadora do prêmio Camões de 2021, a moçambicana Paulina Chiziane, que veio ao Brasil para lançar a nova edição d A História da Poligamia. Tietada, ela participou de várias mesas para falar sobre a língua portuguesa, mesmo sendo uma das poucas autoras do continente africano a estarem presentes, na programação que escolheu Portugal como país homenageado.

Nomes consagrados, como Xuxa, também arrastaram multidões de fãs. Ao lançar um livro infantil, ela disse que não tem planos para voltar à TV aberta.

Da nova geração, best-sellers juvenis como a norte-americana Jenna Evans Welch, autora de Amor & Gelato, foi uma das sensações deste domingo, 10, e muito se deve ao sucesso de Welch nas redes sociais. "As redes têm sido uma ferramenta incrível para leitores e escritores – ouço o tempo todo de adolescentes que descobriram meu trabalho por meio de redes como TikTok ou Instagram. Fico constantemente surpresa com a criatividade e entusiasmo que vejo nas postagens e vídeos dos leitores, tornou uma forma de saída criativa", contou ao <b>Estadão</b>.

No caso de Welch, que teve seu romance adaptado para o cinema em um filme homônimo produzido pela Netflix, sua narrativa ganhou força, público e alcance por causa do streaming, mas também das novas gerações que lidam bem com a internet. Nesse processo, há uma procura maior pelo livro por conta da exposição em outras plataformas. "Escrevo o tipo de histórias que adoraria ler quando adolescente, e nada me deixa mais feliz do que ouvir de alguém que um dos meus livros é o livro que iniciou uma jornada de leitura", pondera a escritora. "Meu objetivo é criar experiências divertidas e envolventes, além de abordar tópicos mais sérios que são importantes para os adolescentes", completa.

<b>TikTok</b>

Assim como Amor & Gelato, outras histórias foram impulsionadas pela Netflix – é o caso de HeartStopper, baseada nos livros da inglesa Alice Oseman, que participou de um encontro virtual no sábado, 9. Já o romance A Hipótese do Amor, de Ali Hazelwood, que viralizou no TikTok, esgotou os 500 ingressos para a mesa com a autora no domingo em apenas 10 minutos. Em entrevista ao <b>Estadão</b>, Hazelwood diz não ser muito ativa no TikTok, ela confere o sucesso de seu título ao protagonismo do leitor na plataforma e a um clube de leituras dos EUA. "O livro foi um lançamento antecipado do Book of the Month, um serviço incrível de assinatura de livros dos EUA. Muitos influenciadores do TikTok trabalham com BOTM e receberam cópias do livro, então eles começaram a fazer TikToks, e estourou."

Segundo Heloiza Daou, diretora de marketing da Intrínseca, a plataforma é o canal do momento para a difusão de obras, principalmente juvenis. Só da Intrínseca, foram 58 mil livros vendidos na Bienal até o domingo, com crescimento de 45% em relação às vendas do evento em 2018. "Houve um aumento de menções aos títulos da Intrínseca do ano passado até agora de mais de 500%", revela Daou. "Embora tenha uma forma diferente de se falar de literatura no TikTok, um jeito um pouco mais descontraído, principalmente com meme, a gente acredita ser uma forma de chegar nas pessoas. O mercado precisa ir se adaptando às coisas que estão rolando agora", completa a executiva.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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