Na primeira entrevista após o afastamento de Rogério Caboclo da presidência da CBF, por causa de uma denúncia de assédio sexual e moral de uma funcionária da entidade, o técnico Tite evitou se manifestar abertamente. Treinador e dirigente tiveram desentendimentos recentes por causa do próprio escândalo e também da realização da Copa América no Brasil a partir de domingo – técnico e atletas têm críticas ao evento, mas vão participar o torneio.
"Eu compreendo a pergunta. Sabemos a dimensão que tem, a gravidade do caso, temos consciência disso. Agora existe um Comitê de Ética da CBF que toma as devidas providências. Não é da nossa alçada", disse o treinador.
Tite também afirmou que não foi ameaçado de demissão pelo então presidente da CBF. As declarações foram dadas em entrevista coletiva nesta segunda-feira, em Porto Alegre, antes da viagem para o Paraguai. Nesta terça-feira, a seleção enfrenta os donos da casa pelas Eliminatórias da Copa do Mundo. O Brasil lidera a competição com cinco vitórias nas cinco primeiras rodadas.
Embora tenham decidido disputar a Copa América, torneio que começa no domingo, os jogadores da seleção vão divulgar um manifesto com críticas ao torneio. A Copa América começa a ser disputada no domingo com a partida da seleção brasileira diante da Venezuela no estádio Mané Garrincha, em Brasília.
Tite reafirmou que o posicionamento da comissão técnica e dos jogadores será dado após a partida diante do Paraguai. "O tempo das manifestações é o nosso tempo, o que nós entendemos ser correto, quando falo nós, é comissão técnica e atletas. Temos orgulho muito grande da conduta que temos, do respeito que temos a esse momento e ao nosso. Queremos jogar bola e fazer um grande jogo contra o Paraguai", disse o treinador.
"Estamos na Copa do Mundo. Eliminatórias já é um processo de Copa do Mundo, muitas vezes as pessoas não se dão conta disso. Para nós, nesse momento, isso (afastamento do presidente da CBF) não tem essa prioridade. Depois sim, reitero o que o Casemiro disse, há respeito e no nosso tempo vamos nos manifestar".
Tite também se esquivou de comentar sobre o movimento pedindo a saída do técnico da seleção brasileira que ganhou espaço nas redes sociais. Dezenas de internautas apoiadores do presidente Jair Bolsonaro criticaram a posição do treinador na coletiva de imprensa na Granja Comary. Internautas chamaram o treinador de "esquerdopata" e "lacrador" por conta de um possível boicote do técnico, sua comissão e até mesmo os jogadores à Copa América 2020.
"Vou falar sobre o meu juízo e o que a minha escala de valores dizem. Tenho muito respeito ao meu trabalho, à seleção brasileira, a esse momento da Copa do Mundo e de Eliminatórias. E a melhor maneira de retribuir o carinho das pessoas que me apoiam e ao respeito do que estão contra, é fazer o meu melhor trabalho possível. É nisso que vou me ater".
Questionado se o treinador da seleção deveria estar alinhado ao presidente da República, Tite novamente se esquivou. "Técnico de futebol tem de estar alinhado com o futebol", argumentou.