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TJ do Rio teve 371 juízes com ganhos acima do teto em julho

Em julho deste ano, 371 dos 863 juízes do Tribunal de Justiça (TJ) do Estado do Rio receberam, entre salários e benefícios diversos, valores superiores ao teto constitucional do funcionalismo público, que é de R$ 33.763 mensais. Cinco deles registram no valor líquido depositado um total superior a R$ 100 mil. O maior pagamento foi de R$ 143.074,77.

Ainda em julho, cinco servidores obtiveram vencimentos superiores ao teto. Um deles recebeu R$ 76.892,14. As informações constam no portal da transparência do TJ, que mostra que, no mês anterior, quando os magistrados receberam o adiantamento do 13.º salário, apenas 13 deles
tiveram vencimentos abaixo do teto.

Os totais recebidos em julho superam os salários porque o pagamento é complementado por uma série de auxílios, como ajudas de custo para transporte, mudança, auxílio-alimentação, gratificações e abono permanência. A juíza que recebeu R$ 143 mil, por exemplo, obteve R$ 124.799,39 somente em “vantagens eventuais”, que são gratificações, férias, abono permanência e acumulação, entre outros. Já a servidora com o maior salário ganhou R$ 52.422,69 em “indenizações”- referente a auxílios como vale-alimentação, creche e transporte.

O benefício mais recente aprovado para os magistrados na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) foi o auxílio-educação de até R$ 2,8 mil para custear os estudos dos filhos de juízes e servidores do TJ. O valor financiará despesas de até três filhos entre 8 e 24 anos: R$ 953,47 para cada um.

Aprovado no primeiro semestre de 2015, o projeto foi proposto pelo próprio tribunal e tem como fonte de custeio o Fundo Especial do TJ, mantido pelas taxas e custas processuais. O fundo possui atualmente R$ 1 bilhão em caixa.

Enquanto o Poder Executivo faz diversos cálculos para fechar as contas do orçamento de 2016, o TJ se ampara no fundo. Criado pela Lei 2.524/96, editada durante o governo Marcello Alencar (1995-1998), o fundo entrou em operação na gestão de Anthony Garotinho (1999-2002).

A norma garante ao TJ a administração direta do dinheiro proveniente das taxas recolhidas pelas partes em litígio (custas judiciais), além de receitas menores que, antes, iam para o Tesouro do Estado. Só nos primeiros seis meses de 2015 o montante arrecadado chegou a R$ 465 milhões.

O dinheiro do fundo é usado, basicamente, para bancar obras de construção e reforma de imóveis do TJ. Entre 2000 a 2010, o tribunal registrou despesas históricas de R$ 2,9 bilhões (sem correção). Um quarto foi para a construção e reforma de prédios. O auge de gastos foi em 2010, quando o fundo registrou empenhos de mais de R$ 740 milhões, incluídas obras, serviços de pessoas jurídicas e outras finalidades, segundo dados do Sistema de Administração Financeira de Estados e Municípios (Siafem).

A comparação entre os gastos gerais deste ano com os do mesmo período de 2014 mostra que o TJ já gastou R$ 10 milhões a mais em 2015.

O TJ informou por meio de nota que “possui disponibilidade financeira de cerca de R$ 1 bilhão, que decorre do uso racional dos recursos oriundos do fundo especial desde a sua criação há 20 anos”. Sobre os vencimentos pagos a juízes e servidores que ultrapassam o teto constitucional, o TJ divulgou que “decorrem obrigatoriamente do cumprimento de lei ou de decisão judicial”.

Segundo a nota, R$ 396 milhões foram gastos em obras nos últimos quatro anos. Estão em construção três novos fóruns nos municípios de Nilópolis (Baixada Fluminense), Teresópolis (Região Serrana) e Iguaba Grande (Região dos Lagos). Também seguem em andamento duas reformas no prédio principal, no centro carioca.

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