O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Dias Toffoli, afirmou nesta terça-feira, 27, que foi procurado de “forma respeitosa” pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, para que reconsiderar a decisão de não mais participar do acompanhamento das eleições na Venezuela, mas que não pretende recuar da decisão. “Os poderes são independentes e a decisão foi tomada”, disse. Procurado, o Itamaraty preferiu não comentar o assunto.
Na semana passada, o secretário-geral da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), Ernesto Samper, rejeitou o nome do ex-presidente do TSE Nelson Jobim para chefiar a missão da Unasul que faria o trabalho de observação durante a realização das eleições da Venezuela, marcadas para seis de dezembro.
Com a decisão, o TSE se retirou do processo e Nelson Jobim também. O prazo limite viável para o TSE mandar os técnicos a tempo de fazer uma avaliação das urnas e de Jobim seguir para a Venezuela a tempo de acompanhar o processo pré-eleitoral era 15 de outubro.
Por conta de todos os empecilhos criados pela Venezuela, interlocutores do governo brasileiro entenderam que não havia mais condições de o Brasil fazer parte desta comissão. Da mesma forma, entenderam que, se o Brasil trocasse o nome de Jobim por outro, como Celso Amorim, como sugeriu Samper, os representantes iriam para a Venezuela enfraquecidos e sem condições de fiscalizar o pleito. Também poderia sinalizar que o Brasil estaria endossando um processo eleitoral problemático, já que o País tem agido de forma antidemocrática em várias frentes.
Esta é a segunda tentativa frustrada do Itamaraty para o Brasil se tornar observador das eleições venezuelanas e as legitime como democráticas. Antes, Nelson Jobim, já havia sido procurado pelo Ministério das Relações Exteriores e disse que a missão na Venezuela era assunto encerrado.