Estadão

Tom de otimismo externo estimula novo ganho do Ibovespa

O tom positivo do exterior estimula alta do Ibovespa, quem sabe fazendo com que o índice vá para o quinto pregão seguido de valorização. A tranquilidade internacional reflete a expectativa dos investidores pela divulgação, na quinta-feira, do indicador CPI de dezembro dos EUA, em dia de agenda esvaziada lá fora. Espera-se que o índice de preços ao consumidor norte-americano desacelere, elevando apostas de redução no ritmo de alta dos juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central do país).

"Os investidores estão indo às compras de ativos de risco muito em função das expectativas, mas com juros ainda elevados", avalia em comentário matinal o economista Álvaro Bandeira.

Segundo Gustavo Neves, especialista em renda variável da Blu3, a agenda vazia faz com que o mercado local siga o exterior. "Vai depender de como o externo se comportará ao longo do dia."

"Na ausência da divulgação de dados hoje, os mercados ficam na expectativa do CPI dos EUA e de olho no político do Brasil, observando as ações dos Poderes em relação aos atos do domingo. E o mercado gostou, está confortável, e esperando o anúncio de medidas econômicas", afirma Helena Veronese, economista-chefe da B.Side Investimentos.

Ontem, o índice Bovespa subiu 1,55%, aos 110.816,71 pontos, zerando a queda do mês, seguindo Wall Street e a postura dura do governo em combater os ataques de golpistas ocorridos no Distrito Federal no domingo. Além de continuar monitorando a atuação do Planalto, os investidores acompanham a possibilidade de novos manifestos pelo Brasil.

"Os investidores acompanham os eventos pós invasão da sede dos Três Poderes em Brasília e o desenrolar da aprovação do decreto de intervenção federal no Distrito Federal. Como destacamos ontem, a percepção de que não haverá ruptura institucional no País sustenta o impacto reduzido dos eventos nos ativos brasileiros", avalia em nota Antonio Sanches, analista da Rico Investimentos.

Porém, a expectativa pelo anúncio de um pacote de medidas econômicas pelo governo ainda esta semana, as novas ameaças de atos antidemocráticos pelo País e as fracas vendas do varejo em novembro limitam a alta do Ibovespa, gerando instabilidade.

"Enquanto não tiver uma âncora fiscal, o mercado seguirá no escuro sem um norte, sujeito a instabilidades. Sem um projeto, uma definição fica difícil. Não sabemos como será a política de preços da Petrobras, se neste governo haverá um processo de privatização", analisa Neves, da Blue3.

Apesar do aumento do aumento de casos de covid-19 na China, as commodities sobem, diante da ideia de novos estímulos pelo país que levem à retomada econômica. O petróleo tem alta em torno de 2%, enquanto o minério de ferro negociado na bolsa de Dalian subiu 1,62%, o que estimula as ações ligadas a matérias-primas.

"Quanto à China, o que mais pesa é a expectativa de abertura após medidas duras contra a covid-19. Os dados recentes do país estão fracos e não animam. Então, essa estimativa da reabertura só deve ter efeito nos indicador daqui a cerca de dois meses", avalia Helena da B.Side Investimentos.

Após subir 0,86%, na máxima diária dos 111.773,41 pontos, o Ibovespa tinha alta de 0,18%, aos 110.021,06 pontos. Petrobras avançava quase 2% e Vale subia 0,54%, mas outras ações do setor metálico caíam.

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