O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, afirmou nesta quinta-feira, 28, ao participar da reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o Conselhão, que as mudanças nos ambientes doméstico e, principalmente, internacional, combinados com os ajustes já implementados na política monetária, podem fortalecer o cenário de convergência da inflação para a meta de 4,5%, em 2017.
“Nada obstante, o Banco Central permanecerá vigilante quanto à evolução da conjuntura macroeconômica e às perspectivas para a inflação e adotará as medidas necessárias de forma a assegurar o cumprimento dos objetivos do regime de metas”, disse.
Ele explicou que os efeitos positivos do ajuste externo na competitividade, do ajuste monetário no controle da inflação e a manutenção da estabilidade financeira reduzem incertezas e ajudam a recuperar a confiança e o horizonte de planejamento dos agentes. Ele ponderou que esses ajustes, por si sós, não são suficientes para a construção dos caminhos para o desenvolvimento brasileiro.
Tombini encerrou o discurso pedindo reformas estruturais no País. Ele afirmou que um ambiente de negócios propício para investimentos de longo prazo “depende fundamentalmente da implantação de reformas estruturais, com poder para fomentar um crescimento sustentável.
Administrados
Tombini também disse que nos próximos trimestres dois importantes fatores vão levar ao declínio da inflação no País. Ele enumerou, em primeiro lugar, que o ajuste nos preços administrados em 2016 tende a ser “substancialmente menores” do que os vivenciados no ano passado. Na ocasião, houve forte correção da gasolina e da energia elétrica.
Em segundo lugar, segundo Tombini, o “hiato do produto” deverá reduzir a pressão inflacionária deste ano, “limitando a propagação da inflação para horizontes mais longos”. Em outras palavras, a oferta e a demanda vão se equilibrar de forma a reduzir a alta dos preços.
O presidente do BC afirmou que, pelo lado monetário, a inflação tem sido “intensamente afetada” pelo fortalecimento do dólar e pelo aumento dos preços administrados em relação aos preços livres da economia.
“Esse processo de mudança nos preços relativos se mostrou mais prolongado e mais intenso que o inicialmente previsto, perdurando durante todo o ano de 2015, o que nos levou aos patamares de inflação observados recentemente e repercutiu sobre o horizonte de convergência da inflação para a meta”, admitiu.
Recuo da inflação
Tombini afirmou que o BC “continuará monitorando a evolução do cenário macroeconômico para definir os próximos passos na sua estratégia de política monetária”. O dirigente reconheceu que esse é um processo “gradual, cumulativo e defasado” e, por isso mesmo, é importante que se mantenha “ao mesmo tempo perseverança nas ações presentes e visão prospectiva nos desdobramentos da gestão da política monetária”.
O presidente do BC destacou ainda que os efeitos da mudança de preços relativos na inflação ocorrem de forma relativamente rápida, “enquanto os efeitos da política monetária sobre a formação de preços demoram mais tempo para se materializar”. “Esse aspecto é particularmente importante no momento que atravessamos, quando atingimos o pico da inflação acumulada em 12 meses”, afirmou, de acordo com o discurso disponibilizado pelo BC. (Bernardo Caram, Victor Martins, Lorenna Rodrigues, Rachel Gamarski, Igor Gadelha, Carla Araújo e Ricardo Brito)