Economia

Tombini: estabilidade e sistema financeiro sólido contribuem para o crédito

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, fez um retrospecto década a década dos momentos mais importantes da instituição durante evento de comemoração dos 50 anos. Sobre o período mais recente, ele salientou que a combinação de estabilidade macroeconômica, de um lado, e um sistema financeiro sólido, de outro, contribuiu para a inclusão financeira e o desenvolvimento do mercado de crédito de forma sustentável. “Também para enfrentarmos a maior crise financeira dos últimos 70 anos, e nos saímos bem. Essa crise, que, de certa forma, ainda não terminou, impôs novos desafios, principalmente no âmbito do Sistema Financeiro Nacional (SFN).”

Tombini lembrou que na época do milagre econômico, por exemplo, houve escassez total de divisas, mas também passos importantes foram dados na área macroeconômica e, principalmente, na institucionalização do BC. O presidente citou a criação do sistema especial de liquidação e custódia (Selic) e do Sisbacen, que, segundo ele, “revolucionou a forma como o BC se comunicava com seus regulados”. “Isso mostra um traço de nossa cultura, uma preocupação contínua e constante com a inovação”, salientou.

O presidente do BC ressaltou ainda que a instituição sempre esteve à frente na questão tecnológica, o que foi fundamental “porque o mercado anda rápido”. “O mercado brasileiro, sobretudo durante a nossa história de alta da inflação”, citou. Na década de 90, de acordo com Tombini, o BC já era uma instituição consolidada e madura, mas o grande desafio era estabilizar a economia. “O processo de estabilização passava pela questão fiscal, dívida dos Estados, fechamento dos pequenos bancos centrais, pelo novo regime monetário, troca de todo o monetário brasileiro”, enumerou.

Na época do lançamento do Plano Real, em 1994, o BC foi, nas palavras de Tombini, “protagonista nesse processo de operacionalização do novo regime macroeconômico”. O Banco participou da implantação do novo regime monetário e fez, entre outras tarefas, a troca de todo numerário brasileiro em um período curto de 45 dias. “Em 1994, o BC foi protagonista nesse processo de operacionalização no novo regime macroeconômico. Não foi um mero ato, foi um conjunto de iniciativas”, pontuou, acrescentando que se tratava de um processo longo, em etapas, e que durou por algumas gestões. “Há mais de 20 anos podemos dizer que o Brasil tem moeda estável”, comemorou.

A estabilidade monetária, destacou Tombini, representou profunda transformação da economia brasileira à época e o período de adaptação dessa nova realidade demandou ações contundentes do BC. O objetivo era “assegurar a estabilidade financeira com o fim do imposto inflacionário, com a redução de uma fonte ilusória, mas real de receita para o sistema, que era a própria inflação”. Nesse período, lembrou, para assegurar a estabilidade financeira do País, o Banco Central, junto com as autoridades financeiras, lançaram o Proer. Depois, vieram as primeiras regulações de Basileia.

“Não vou falar de todas as dificuldades no período, e que ainda enfrentamos, mas foi um passo definitivo para equacionar o programa macroeconômico e também a estabilidade do sistema financeiro”, considerou. “A década de 90, com todos os desafios macro, foi período importante para o BC”, continuou.

O desafio do final dos 90 e do novo século, de acordo com o presidente do BC, era consolidar a estabilidade monetária e criar condições para o desenvolvimento do Sistema Financeiro. “Nesse contexto, a adoção do regime de metas de inflação representou um marco: sistema simples, transparente e de fácil aferição. Com ele, ficou explicitado o objetivo de política monetária resumido a um numero, um intervalo, de fácil compreensão para toda a sociedade”, disse.

Foram implementadas desde então contribuições ao SFN, como o Sistema de pagamento Brasileiro (SPB) e o sistema de informação de crédito.

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